Memória, acasos e amigos de Chorrochó

Um momento na vida de Julinha e Eufrázio/Arquivo da família

“A vida, como os livros, é feita de acasos.” (Lygia Fagundes Telles, escritora paulista, 1918-2022)

Ainda muito jovem – vai longe no tempo – este escrevinhador ouvia nas caatingas e barrancos do Riacho da Várzea, José Januário da Silva, político da Fazenda Estreito, município de Chorrochó, tecer boas e elogiosas referências à família Pires de Menezes que, fiquei sabendo depois, vem a ser do mesmo tronco da distinta família Monte Santo ou, melhor, trata-se da mesma família. 

Aliado de Dorotheu Pacheco de Menezes, José Januário foi vereador em Chorrochó por diversos mandatos, contemporâneo de Antonio Pires de Menezes (Dodô), de Várzea da Ema. Nascido em 1901, José Januário conhecia muito bem as raízes do pessoal de lá.

Anos mais tarde, quando morei em Chorrochó, tive a honra de conhecer membros dessa família, a exemplo de Luiz Pires Monte Santo (1938-2021), Carlos Pires Monte Santo e Antonio Pires de Menezes (Dodô), quando este último era prefeito de Chorrochó no período de 31/01/1971 a 31/01/1973.

À época, o perímetro urbano de Chorrochó restringia-se a poucas ruas. Era pequeno, menor do que hoje, evidentemente, de modo que as pessoas se tornavam próximas, encontravam-se no dia a dia, construíam amizades, teciam o viver da cidade.

Tempo das conversas nas calçadas, hoje ultrapassadas e até arriscadas, da sadia e alegre convivência da vida estudantil, espécie de costura do tempo.  

É o passado permeado por impressões e alegres episódios do tempo da mocidade que vai avivando as recordações e atestando que a lembrança é o que ficou do que passou ou o não desvencilhar-se das certezas ou incertezas vividas.

Houve tempo em Chorrochó – e isto ainda acontece em toda sociedade interiorana – que o viver de cada um estribava-se nos alicerces familiares e nas amizades. A família era o esteio; as amizades, os enfeites da vida e o atapetar do caminho em direção aos sonhos.

Em Chorrochó, havia a Associação Recreativa Amigos dos Menezes (ARAM), conhecida como Clube de Virgílio, porque fundada pelo dinâmico Virgílio Ribeiro de Andrade, que promovia bailes periódicos, mormente de formaturas, que animavam a cidade.   

Não tenho percebido, nos poucos e escassos fragmentos da história de Chorrochó, nenhuma referência a essa instituição particular que, embora extinta, marcou época na vida de estudantes e da sociedade local em geral. Assunto, pois, para o departamento de cultura de Chorrochó ou instituição equivalente.

Naquela época, conheci a professora Júlia Pires Monte Santo Batista (Julinha), descendente dessa família e seu marido Francisco Eufrázio Batista, policial militar que servia em Chorrochó na ocasião.

Decente e respeitador, Eufrázio era exemplo de policial educado e habilmente preparado para lidar com as situações que a pacata Chorrochó exigia. Mais do que policial, era amigo de todos.

Mas o que importa aqui, em resumo, é que Julinha e Eufrázio faziam parte das pessoas de grande envergadura moral que conheci em Chorrochó.

Outro momento de Julinha e Eufrázio/Arquivo da família

Décadas depois e longe de Chorrochó, Julinha me disse que tem as filhas Mônica, Gislene e Ana Carla. A descendência completa-se com uma neta e quatro netos.  

Post scriptum

Um testemunho necessário e oportuno: Fiquei impressionado com a cultura e o conhecimento demonstrado pela professora Graciella Reis de Carvalho no que tange à História de nossa região. Graciella é bisneta do lendário Petronilo de Alcântara Reis, coronel Petro, filha de Marly  Reis Monte Santo.

Em data recente, entrei em contato com a professora Graciella que, muito prestativa, passou valiosas informações sobre as raízes familiares da região, pelo que agradeço.  

araujo-costa@uol.com.br

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