O jornalista e escritor Jason Tércio conta a história.*
Tempo de ditadura militar. Carlinhos Oliveira, jornalista boêmio e notívago, conhecido por dez entre dez cariocas da Zona Sul, dirigia-se à vida noturna, quando foi abordado pela temida polícia política do general-presidente Emílio Garrastazu Médici.
– Documentos?
– Não tenho.
– Mas então o senhor não existe?
– Existo, sim. Sou público e notório.
Anos mais tarde, já nos estertores do governo do general-presidente João Batista Figueiredo, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), eu morava na Rua Brás Cubas, no centro de Santo André, ABC paulista.
Tempo de estridente efervescência política no ABC, berço de seguidas contestações contra o regime militar, estudantes às voltas com a polícia.
Costumava sair com os amigos à noite para jogar conversa fora e beber um pouco, quando podíamos beber. O dinheiro era curto.
Certa noite, saí sozinho e me abanquei num botequim meia boca da Rua Bernardino de Campos, nas imediações da Estação Ferroviária.
Sentei-me em volta ao balcão, fazendo hora, enrolando para não esvaziar o copo, porque o bolso não correspondia à minha vontade.
Notei um rapaz que me olhava de soslaio, cara de milico disfarçado. Só podia ser do SNI, pensei. Levantava-se de vez em quando, dirigia-se até à porta do bar e voltava em seguida para o mesmo lugar, sempre ao meu redor.
Comecei a ficar incomodado e já ia me retirando, quando o rapaz me cumprimentou, solícito.
– Estava lhe reconhecendo, mas não quis lhe abordar antes. Você estuda no Colégio Santo André?
Confirmei. Mas a palavra abordar me fez desconfiado, linguagem de polícia. Puxou conversa:
– Você gosta de falar de política, criticar o governo, parece revoltado.
Continuou:
– Também estudava no Santo André, mas mudei de escola e hoje estou fazendo “outro troço”.
– Que troço? eu quis saber.
– Fazendo um curso pra investigador.
Acho que ele estava fazendo um teste para o SNI, mas não podia falar.
Saí do botequim aliviado. Eu já havia passado um perrengue com a polícia do governador arenista Laudo Natel, que achava que todo estudante era subversivo.
Mas, afinal, eu era público e notório.
* O escritor Jason Tércio conta o caso de Carlinhos Oliveira no livro O homem na varanda do Antonio’s, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2004.
Presidente Lula da Silva e Janja/Crédito Ricardo Stuckert, Presidência da República
Ao ser informada de que os camponeses estavam passando necessidade e não mais podiam comer pão, a princesa Maria Antonieta zombou da fome dos franceses: “Que comam brioches”, que eram pães luxuosos, enriquecidos e mais caros.
Os franceses a guilhotinaram durante a Revolução Francesa de 1789-1799.
O episódio faz lembrar a frase dos ministros lulopetisas Rui Costa e Fernando Haddad que conhecem sobejamente a história francesa. Ambos foram claríssimos: “se a laranja está cara, coma outra fruta”.
“O ministro da Casa Civil, Rui Costa, sugeriu que, se uma fruta estiver com preço elevado, o consumidor pode mudar o alimento que vai consumir como forma de driblar a alta do preço do produto. O ministro deu o exemplo da laranja: “Em vez da laranja, comer outra fruta” (O Estado de S.Paulo, 24/01/2025).
Lula da Silva, por sua vez, foi mais enfático, em entrevista a rádios da Bahia:” “Não comprar comida, se estiver cara”.
Lula foi mais além e disse que a população precisa ser educada para saber o que comprar e comer.
Sua Excelência, que não frequenta supermercados e feiras livres, desconhece que todos os alimentos estão caros e não somente as frutas.
Lula e seus ministros fazem um convite à inanição.
Pelo andar da carruagem – ou da insensatez – Lula da Silva, Rui Costa e Fernando Haddad serão guilhotinados pelas urnas nas eleições vindouras.
A guilhotina já passou pelas eleições municipais de 2024 e deu uma aparada na arrogância do lulopetismo, que faz de conta que não foi com ele.
Aliás, o jornalista Valdo Cruz, comentarista da GloboNews, na ânsia de agradar Lula da Silva e aliados, disse que o PT perdeu as eleições em 2024, “mas cresceu”.
O jornalista não explicou em que colégio ele aprendeu essa operação matemática.
Agora a contradição de Lula, em manchete da BandNews:
“Treinamento de cozinheiros de Lula e Janja custa R$ 57 mil ao governo.”
“O governo federal desembolsou R$ 57.468,54 em contratação direta por dispensa de licitação para o treinamento de garçons, copeiros e cozinheiros que trabalham nas residências oficiais da Presidência da República. O cronograma prevê três cursos com o objetivo de capacitar 46 servidores. As informações são do jornalista Tácio Lorran do portal Metrópoles.” (BandNews, 30/09/2024).
“Dentre as técnicas que constam no programa de treinamento estão o preparo de churrasco com carnes nobres (40h), cozinha brasileira (40h) e cozinha clássica (60h). No módulo “Técnicas de Garçons” (36h), os profissionais irão aprender etiqueta profissional e técnicas para serviço a la carte e buffet”, segundo a mesma matéria da BandNews.
Ou seja, enquanto esbanja dinheiro público para treinar 46 servidores de sua cozinha e comer muito bem, Lula orienta a população a não comprar comida.
Está explicado onde foi parar a picanha que Lula prometeu em 2022 e não apareceu: na cozinha dele.
“O único patrimônio real do homem é o passado”. (Tristão de Atayde, 1893-1983)
As raízes de Pascoal Almeida Lima continuam fortes no município de Chorrochó, onde exerceu longa e ininterrupta atividade política.
Tércio de Fafá/Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Chorrochó
Pascoal Almeida Lima foi prefeito de Chorrochó no período de 31/01/1973 a 01/01/1977, eleito pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e amparado na estrutura político-eleitoral de Dorotheu Pacheco de Menezes.
Político probo e experiente, Pascoal vinha de sucessivos mandatos de vereador que remontavam às primeiras legislaturas do município. Faleceu em 2011 com 85 anos de idade.
Pascoal era casado com D. Renilde Almeida Lima, grande figura humana, que exerceu discreto papel de primeira dama, enquanto ele, homem de temperamento irrequieto, defendia intransigentemente a causa e os valores de sua gente. D. Renilde faleceu em junho de 2016.
O mundo político naquela quadra do tempo, por óbvio, era outro, outras as conjecturas e composições eleitorais, diverso o pensamento dos homens públicos daquela geração.
A partir de janeiro de 2025, a titularidade da Secretaria de Saúde do município de Chorrochó está sob a responsabilidade de Pascoal Almeida Lima Tercius (Tércio de Fafá), político habilidoso e ex-presidente da Câmara Municipal.
Como se vê, acertada escolha do prefeito Dilãn Oliveira, também relativamente jovem, dono de admirável tirocínio administrativo e estilo de governar inovador.
O secretário de Saúde de Chorrochó tem 45 anos completados em novembro último. É filho de Rita de Cássia Nascimento Lima e Pascoal Almeida Lima Filho.
Estudou na Escola Estadual de Barra de Tarrachil até os 8 anos e concluiu o 2º Grau em Petrolina. É bacharel em Fisioterapia pelo Centro Universitário CESMAC, de Maceió.
Tércio de Fafá vem brilhando continuamente há alguns anos. Ostenta considerável grandeza na constelação política de Chorrochó, de modo que traz boas expectativas para o município, quer como secretário, quer como reconhecido e inquestionável líder político.
Tercius já havia sido presidente da Edilidade, que exerceu com eficiência e dinamismo, ainda jovem, à época por volta de 34 anos.
O pai também foi líder e vereador atuante, de sorte que Pascoal Tercius teve boa e eficiente escola política, o que lhe dá sustentáculo para sua carreira e lhe credencia para voos seguramente mais altos.
Mais do que a vereança, a presidência da Câmara lhe deu parâmetro para delinear o reconhecimento de sua liderança e a percepção de antever horizontes mais claros para Chorrochó.
Com base política e eleitoral em Barra do Tarrachil, Tércio de Fafá tem se destacado na construção de seu lastro político à semelhança dos líderes de sua famíla que o antecederam.
Embora cedo para avaliar a atuação do secretário de Saúde de Chorrochó, é razoável presumir que ele pode surpreender no exercício de sua atuação nesta área tão carente de atenção e de recursos.
É conhecedor das necessidades prementes do município, mormente quando se trata de assistência à saúde da população e, neste particular, pode trazer novas ideias para a área que comanda.
Dinâmico e sabidamente eficiente, o secretário Tércio de Fafá lastreia-se no saudável patrimônio moral deixado por Pascoal e Fafá.
Presidente Lula/Crédito: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Alguma coisa não anda bem no reinado de Lula da Silva.
Lula só piorou. Fanfarrão e vaidoso, conta uma peta aqui, outra acolá e promete mundos e fundos à população que ele diz ter tirado da pobreza.
Há quem acredite.
Seus súditos riem, dão gargalhadas. Os fanáticos de Lula deliram.
Os pobres, famintos e desamparados sentem o desprezo.
Lula precisa voltar às ruas e inteirar-se da realidade. As cidades estão apinhadas de famintos, pedintes e desamparados.
O lulpetismo encontrou uma expressão bonita para classificar moradores de rua, camuflar a realidade e ajustar-se ao politicamente correto.
Agora o lulopetismo diz que não há moradores de rua, mas “pessoas em situação de rua”.
Que bonita a eloquência do lulopetismo! Mas que cruel e triste a situação dessas pessoas!
A mudança da expressão mudou a condição de vida dessas pessoas?
Lula promete uma coisa e seu governo vai na contramão do que ele promete.
Em entrevista a rádios da Bahia, feudo do PT, Lula orientou a população no sentido de, se a comida estiver cara, não compre. Noutras palavras, não pode comprar, fique com fome.
Um acinte à inteligência dos brasileiros. Todos sabemos que o governo não está conseguindo governar para a população.
Neste tempo de lulopetismo deslumbrado, as burras dos aliados do presidente estão transbordando de dinheiro. Dinheiro público, claro. Os petistas adoram cargos, cabides de emprego, salários, mordomias, jatinhos, poder, et cetera.
Aliás, gostar de se lambuzar no dinheiro público não é privilégio dos adeptos de Lula da Silva. Assim foi em todos os governos, Bolsonaro inclusive.
Lula da Silva mantém sigilo de 100 anos nas informações e gastos palacianos estratosféricos, inclusive de sua atabalhoada gestão. Aí tem!
Quem tiver boa memória vai lembrar que no debate presidencial de 2022 Lula da Silva criticou severamente o então presidente Bolsonaro e o questionou por que singilo de 100 anos e prometeu revogá-lo imediatamente.
Não revogou. Nem vai revogar. Ele sabia que não ia revogar, mas tinha que usar o oportunismo eleitoral para falar à galera que acredita em Lula da Silva.
Já há sinais de fumaça no costumeiro reinado da maracutaia lulista.
Em data recente, o Ministério Público Federal abriu inquérito para apurar irregularidades do governo de Lula da Silva.
“Os investigadores querem apurar os motivos que levaram o governo Lula a esconder informações sobre a quantidade de assessores que auxiliam a primeira-dama Janja”, “o uso de sigilo com relação à visita dos filhos do presidente Lula ao Palácio do Planalto” e “a sonegação de dados sobre o uso do helicóptero presidencial e gastos com alimentação no Palácio da Alvorada.” (Coluna Radar, Veja, 05/02/2025).
No mais, Lula é aficcionado por Bolsonaro.
Um descalabro não cuidar de si mesmo e de seu governo, mas criticar o adversário.
Lula fala mais de Bolsonaro e menos de seu governo lulopetista claudicante, confuso, contraditório.
Agora, Lula flerta sutilmente com a campanha presidencial de 2026.
Lula não sabe se poderá ser candidato em 2026, se seu estado de saúde lhe permitirá, mas já anda dizendo que vai ganhar de Bolsonaro.
Ora, veja: Nem Lula é candidato, ainda, nem Bolsonaro que está inelegível, pode ser candidato, se algum dia puder.
Muita politicagem e pouco desempenho governamental.
“Já vi que passou o planeta. Só escapa quem voa!” (Luizinho Lopes, Curaçá-BA, 1919-2023, apud Esmeraldo Lopes).
Capa da autobiografia de Luizinho Lopes/Arquivo Salvador Lopes
Luizinho Lopes beirou os 105 anos. Quase chega lá.
A História de Curaçá conta as peripécias de um vaqueiro nascido na Fazenda Riacho do Gato chamado Luiz Lopes Filho (Luizinho) que aos 103 anos teve a façanha de lançar sua rica autobiografia. Estávamos em julho de 2022.
Experiente e sábio, Luizinho deixou, dentre muitas, uma lição lapidar, mormente para as gerações do agora, que vivem embaraçadas com a sede de absoluto e com o emaranhado de geringonças eletrônicas:
“É agradável quando eu chego em um lugar e as pessoas percebem minha presença. Do mesmo modo, é bom quando eu saio e percebem que eu saí.”
É a essencialidade do viver em sociedade. A percepção da presença e da ausência do outro, razão primeira do existir saudável e da convivência de todos nós.
Conhecedor da caatinga e de seus mistérios, Luizinho Lopes foi vaqueiro até a finitude de seu caminhar.
Retirei d’algum lugar, fragmento do texto de Esmeraldo Lopes, nosso sabido, conspícuo e sempre admirado sociólogo de Curaçá:
“Luizinho é um desses sujeitos que gosta de palestrar, mas às vezes se põe na posição de escutador. E quando está assim, fica ali no silêncio, enrosca as mãos no corpo, cochila, acorda, cochila… Entre todos os assuntos, o que mais lhe atrai são as mudanças do mundo. Ele sempre afirma que o mundo não tem mais jeito, que nada mais lhe surpreende, que está tudo desmantelado.
Mas outro dia ele estava como escutador e chegou um seu camarada e veio contando: “Rapaz, não sei se vocês já ouviram dizer, mas a mulher do finado… tá de homem”. Luizinho, que estava cochilando, levantou a cabeça na rapidez de um piscar e bradou: “Já vi que passou o planeta. Só escapa quem voa!”
Esmeraldo Lopes é abalizado e insuspeito para falar sobre Luizinho Lopes. Ademais, é catedrático na arte de decifrar o entender dos curaçaenses.
Esteio de sabedoria e decência, Luizinho Lopes é um sustentáculo da história de Curaçá.
O jornalista e professor Luciano Lugori cunhou uma expressão certeira na vida e na história de Luizinho: “Um grande homem que arreliou o tempo.” (Curaçá Oficial, 28/11/2023).
“O mundo é o seu caderno, as páginas em que você faz suas somas.” (Richard Bach)
Francisco Ferreira Vital/Arquivo da família
Incluo-me entre aqueles que cutucam o tempo, cavam as lembranças e se enternecem com elas.
As construções precisam de esteios e de cumeeiras para se sustentarem diante da ação do tempo. “O tempo atreve-se a colunas de mármore”, disse padre Vieira. Imaginemos o que o tempo é capaz de fazer com a fragilidade humana.
Desmoronam-se as colunas, os esteios, mas ficam as lembranças, os exemplos, mormente os bons exemplos.
Francisco Ferreira Vital, que seus contemporâneos chamavam Chiquinho Vital – e ainda hoje a história de Patamuté mantém assim intacto o nome – era um senhor impressionantemente culto, atencioso, educado e respeitador.
Chiquinho Vital constituiu família nobre em Patamuté e a educou consoante os rígidos modelos de educação disponíveis à época. Era entusiasta da educação e incentivador dos jovens no sentido de caminharem em direção ao conhecimento, em busca de novas alvoradas.
O núcleo familiar de Chiquinho Vital compunha-se da mulher Josefa Mendes Vital e das filhas Ana Mendes Vital Matos, Euza Maria Vital, Maria da Silva Vital e Francisca da Silva Alves. E os filhos Mílton Ferreira Victal, Bonifácio, João Vital e Nequinha.
Vestia-se elegantemente, sempre com um paletó sobre a camisa de mangas longas, olhar sereno, passos firmes, aguçada inteligência e notável apreensão fulminante. Colhia no ar as dúvidas, as angústias dos circunstantes, a pergunta que ainda estaria balançando nas conjecturas.
Impressionava suas lições didáticas, sem consultar nenhuma anotação, estribado somente na memória, no conhecimento e na experiência.
Este escrevinhador muitas vezes se valeu de seus ensinamentos para esclarecer pontos sugeridos pelas professoras primárias da Escola Estadual de Patamuté, única existente à época, inclusive por sua filha e professora Ana Mendes Vital Matos.
Francisco Ferreira Vital era uma referência em Patamuté no que tange ao delineamento de vida, seriedade firmada ao longo do tempo, benevolência e, sobretudo, irrepreensibilidade de caráter.
Sempre prestativo, disponibilizava-se para longas conversas com jovens, para dar-lhes orientação sobre horizontes, sonhos, vida futura.
Além de suas atividades de praxe, Chiquinho Vital mantinha uma espécie de ateliê.
Tratava-se de um espaço acoplado ao casarão de sua residência, onde inventava candeeiros, objetos de decoração e outras coisas mais e se servia daquele mesmo lugar para receber amigos, pessoas das fazendas e estudantes ávidos para tirarem dúvidas sobre assuntos escolares.
Os candeeiros, desconhecidos no dia a dia de hoje, eram necessários e muito úteis naquela quadra do tempo, em todo o Nordeste. Em Patamuté e na zona rural do distrito, também, porque não havia energia elétrica.
Chiquinho Vital ia buscar, nos recônditos de sua admirável inteligência, as criativas invenções que todos admiravam – e não somente candeeiros.
Atravessava regularmente a pacata rua de Patamuté, chapéu bem acomodado e ia ter-se no armazém de Antonio Paixão, seu amigo de longas conversas e altas elucubrações. Conversa aprumada e interessante sobre assuntos diversos.
Demoradas conversas sobre amenidades. Bate-papo despretensioso, bonito, enriquecedor, provocador de ideais.
Como conversa puxa conversa, ambos iam esticando, descontraidamente, como se puxassem a linha de um novelo.
Minha memória esburacada ainda enxerga a caneta entre os dedos, criteriosamente pousada sobre o papel de embrulho no balcão tosco, ensinando-me regra de três simples e composta. Era exímio em cálculos aritméticos. Aliás, era um mestre em generalidades.
Depois esqueci, mas a memória reteve o interesse dele em ensinar e a paciência com que suportava minha dificuldade de aprender.
Tentei guardar seus ensinamentos voltados à moral e ao bom comportamento que, confesso, ainda não consegui segui-los à risca. Em idade septuagenária, sou um caso perdido.
O mundo de Chiquinho Vital foi um caderno que só somou em suas páginas.
Em tempo:
Sou grato a Anselmo Vital Matos que, com presteza, me socorreu informando os nomes corretos da família e com a foto de Francisco Ferreira Vital.
Agradeço também ao professor Wagner Gomes, filho de Patamuté, que me lembrou sobre a omissão, no texto, de alguns nomes de integrantes da família de Chiquinho Vital. Editei a matéria em seguida e peço escusas aos leitores pelo descuido.
O professor Wagner acrescentou uma informação que eu desconhecia e faço o registro. Chiquinho Vital era natural de Juazeiro e tinha um irmão gêmeo.
Zelinho Sena, outro filho ilustre e atento de Patamuté, acrescentou valiosa observação segundo a qual Chiquinho Vital foi Juiz de Paz do distrito de Patamuté.
Vista parcial da sede da Prefeitura de Curaçá/Crédito: Curaçá Oficial
É de pressupor, por óbvio e justo, que os admiradores mais arraigados do atual prefeito de Curaçá queiram melhores dias para o município.
Entretanto, não parece razoável fazer política partidária rasteira, pífia, carente de elegância, que nada acrescenta, nada constrói, nada produz.
Em quadro assim, incongruentes ideológicos atrapalham mais do que ajudam. A História registra que a arrogância e os excessos na atividade política têm sido as causas de retumbantes fracassos.
Ideal seria que a honorabilidade e lisura do político, com ou sem mandato, qualquer que seja ele – de esquerda, de direita, de centro ou de qualquer lado – fossem preservadas de ataques, ofensas e, sobretudo, sustentadas no respeito que todos os cidadãos devemos ter.
Os candidatos são submetidos à voz das urnas. Se a maioria escolheu um e não outro – e isto é princípio básico da democracia – a minoria deve aceitar a condição de derrotada, sem, entretanto, abdicar do direito de fazer oposição, nem ser tolhida no exercício desse direito.
Vitoriosos e derrotados não podem extrapolar os limites verbais e descambar para a grosseria.
As palavras têm fronteiras.
Quem quiser divergir, pode divergir, civilizadamente.
A liberdade de coexistir e de ouvir, pressupõe a liberdade de dizer. E o dizer do outro não é menor que o nosso dizer, mantidos o equilíbrio, a elegância e a decência.
O normal é que, abertas as urnas, a sociedade acolha o prefeito eleito, com absoluta correção de comportamento. O município de Curaçá parece maduro no sentido de aquilatar o significado da vontade da maioria, mas falta aparar as arestas das incompreensões.
Contudo, é terrivelmente deselegante fazer acusações atabalhoadas a adversários, simplesmente porque quem acusa pertence ao grupo político vitorioso.
Importa a convivência social necessária entre vitoriosos e derrotados. O interesse público está acima dos antagonismos.
Em Curaçá persiste o ambiente pesado de acusações contra o prefeito que saiu, de modo que, parte da sociedade curaçaense parece ainda viver no fervor da campanha eleitoral de 2024.
São as autoridades competentes que dirão a palavra final sobre a conduta do ex-prefeito no exercício do mandato, se agasalhada ou não pelas leis, equilíbrio e ética pública.
Mas, convenhamos, quem fica oito anos na condição de prefeito sem ser incomodado, certamente teve tempo de se precaver de eventuais cochilos e de arranhões às leis.
Há apoiadores do prefeito atual de Curaçá que acham que tudo que eles não conhecem é questionável do ponto de vista da lisura administrativa. Apoiar o atual prefeito não significa espezinhar o antecessor.
Não parece sensato, sair por aí, a torto e a direito, apontando erros da administração anterior. A prudência aconselha esperar a apuração dos fatos tidos como irregulares, o que é atribuição das instâncias competentes. Estão aí, por exemplo, os diligentes órgãos de controle.
Democracia também é submissão às regras.
As redes sociais têm sido propícias para o despejo de referências espalhafatosas de apoiadores, tanto do prefeito que saiu quanto do prefeito que assumiu em janeiro de 2025.
A campanha eleitoral se foi, escafedeu-se.
Já é tempo de recorrer aos filtros da sensatez e da elegância.
“O Brasil não é um país sério.” (Carlos Alves de Souza Filho, diplomata brasileiro, 1901-1990).
Vista parcial do Superior Tribunal de Justiça/Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Em outubro de 2024 pelo menos seis ministros aposentados do Superior Tribunal de Justiça (STJ) receberam salários muito acima de R$ 300 mil, por conta dos vergonhosos penduricalhos que driblam o teto constitucional que, a rigor, é uma figura jurídica decorativa.
É o caso da notável e impoluta Eliana Calmon, baiana de Salvador e ministra aposentada do STJ que recebeu R$ 319.718,27 somente em outubro de 2024.
Eliana Calmon é aquela mesma Excelentíssima Senhora, que na condição de Corregedora Geral da Justiça, vivia criticando excessos no Judiciário. Certamente ela não se referia a excessos de mordomias e salários.
A elite do Judiciário continua insensível às necessidades dos brasileiros que passam fome.
“Ao menos 41 juízes ganharam mais de R$ 500 mil cada em bônus em dezembro”, segundo matéria do UOL de 24/01/2025.
A matéria apresentou uma lista de magistrados que ganharam, só em dezembro de 2024, salários que ultrapassaram R$ 600 mil.
Exemplos: um magistrado de Rondônia ganhou R$ 778.787,17 e outro do TRT de São Paulo ganhou R$ 788.358,05.
Pior: paulatinamente o Judiciário vai ampliando seus salários e mordomias e se distancia cada vez mais dos pobres mortais.
Isto, inevitavelmente, respinga na credibilidade do Poder Judiciário.
Os brasileiros fazem das tripas coração para pagar impostos. Sustentam os supersalários de Suas Excelências, que continuam boiando na intocabilidade.
A sociedade – ou parte dela – e o Judiciário caminham em sentido inverso. Enquanto brasileiros desamparados vêem a Justiça escapar de seus clamores, membros do Poder Judiciário se lambuzam em supersalários, mordomias e privilégios tais que os tornam diferentes dos demais brasileiros
Em tempo:
A frase “O Brasil não é um país sério” foi atribuída durante muito tempo a Charles de Gaulle (1890-1970), mas em 1979 o diplomata Carlos Alves de Souza Filho que representou o Brasil na França e chegou a negociar conflito diplomata com o presidente francês, assumiu a autoria da frase.
Entretanto, até hoje a frase é atribuída ao presidente da França.
Carlos Heitor Cony dizia, com conhecimento de causa: “Como os elefantes, a partir de dois, três intelectuais chateiam muito mais”.
Fui convidado para uma reunião, creio que na condição de amigo, porque intelectual não me considero.
Discutiu-se de tudo, menos sobre o assunto para o qual a reunião foi convocada, de modo que a dita cuja se transformou em burburinho, risos dos mais vaidosos e indiferença dos sorumbáticos.
Lá para as tantas, alguém quis saber sobre o aumento do preço dos alimentos que o governo está preocupado e perdido, sem saber o que faz, o que não é nenhuma novidade em se tratando de governo do PT.
Brasília, sexta-feira, 23 e 24 de janeiro de 2025:
O ministro Rui Costa, da Casa Civil, que entende tudo de vaidade política e nada de economia, se arriscou a convocar entrevista à imprensa, que acabou inútil, para explicar o que aconteceu na reunião convocada pelo governo, realizada no Palácio do Planalto, para discutir e solucionar o preço dos alimentos.
O ministro Rui Costa nada explicou. Ao contrário, jogou frases e opiniões soltas no ar que acabaram dificultando ainda mais a comunicação e situação do governo como, por exemplo, “intervenção no setor de alimentos”, “quem não puder comer laranja coma outra fruta mais barata” e outras barbaridades desconexas.
Por sua vez, o ministro petista do Desenvolvimento Agrário sugeriu que a solução do problema está no cultivo e safra de alimentos, o que significa dizer que a população tem de esperar ações do governo no sentido de incentivar e financiar plantação e colheita.
Até lá os pobres já estarão em crise de inanição.
Na reunião, houve até – segundo boatos já desmentidos pelo governo – um porralouca que sugeriu alterar o prazo de validade das embalagens de alimentos, como solução para flexibilizar a crise.
Ou seja, consumir alimentos com prazo de validade vencido ou alterado.
Coisa de mentecapto.
“Está descartada a proposta de mudança nas regras do sistema de prazo de validade para tentar reduzir o preço dos alimentos nas prateleiras dos supermercados. A afirmação veio do próprio ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, após a reunião”. (CNN, 23/01/2025).
Assim, como a reunião de intelectuais, a reunião de membros do governo para tratar do preço dos alimentos, terminou sem nenhum resultado.
O tema foi retratado com maestria, em 2012, por meio da escultura Melancholy (Melancolia) do artista romeno Albert György.
A obra fica às margens do lago de Genebra, na Suíça, e faz refletir e muito a respeito da vida e de quem somos.
Para expressar o sofrimento e a solidão humana, o artista projetou um homem sozinho, com a cabeça baixa e um enorme buraco no lugar de seu peito.” (Jornal Terral).
Observação:
A imagem da escultura e o texto são reproduções do Jornal Terral, de Linhares-ES.