“Ao rei tudo, menos a honra.” (Calderón de la Barca, poeta e dramaturgo espanhol, 1600-1681)
A jornalista lulopetista Eliane Cantanhêde, comentarista da GloboNews, na ânsia de agradar o presidente Lula da Silva e seu governo, cometeu uma barbaridade ridícula e patética, incompatível com o jornalismo sério que, aliás, anda muito escasso pelas bandas do Grupo Globo.
Jornalista Eliane Cantanhêde/Reprodução Google
No programa Em Pauta, espécie de espaço disponibilizado para bajular o governo, Eliane disse o seguinte: “Descredibilizar e atacar medidas públicas é crime”.
Ou seja, a jornalista conseguiu transformar em crimes críticas democráticas a ações governamentais.
Críticas são salutares e sempre existiram em qualquer tempo, em qualquer governo, em qualquer parte do mundo.
Nem nas mais cruéis ditaduras, criticar ações de governo é crime. Aceitá-las é outra história.
Eliane Cantanhêde não sabe que, nas democracias, oposição e governo coexistem pacificamente, convivem no mesmo espaço das ideias e que as leis penais devem ficar à margem dos debates democráticos.
A jornalista tomou as dores do governo porque alguns parlamentares da oposição criticaram as polêmicas medidas do PIX que Lula da Silva queria implantar, depois revogadas por determinação do presidente, em razão de pressão da sociedade.
Talvez a jornalista Eliane Cantanhêde devesse se mudar para Cuba, Venezuela ou Nicarágua, onde aqueles regimes políticos atraem a admiração do presidente Lula da Silva, que ela adora e até o chama de “gênio”.
Como dizia o professor Raimundo, quando seu aluno exagerava na bajulação: menos, Eliane Cantanhêde, menos.
Padre Mariano, primeiro à direita, em 21.01.2016/Crédito Edilson Oliveira
Salvo melhor juízo – e se minha esburacada memória não estiver sucumbindo ao abismo da envelhescência – padre Mariano Pietro Brentan chegou a Chorrochó em 04.01.1986.
Portanto, trinta e nove anos se completam neste mês de janeiro de 2025, quando se realiza a tradicional festa do padroeiro Senhor do Bonfim. Sua destinação como pároco da Freguesia de Senhor do Bonfim de Chorrochó deu-se em 06 de abril de 1986.
Padre Mariano incumbiu-se da grandiosa tarefa de suceder ao padre e primeiro vigário da paróquia, Ulisses Mônaco da Conceição, ícone admirável da Igreja de Chorrochó e isto por si só se basta: tarefa ingente, honrosa, difícil, grandiosa.
Grande empreendedor, competente zeloso das coisas da Igreja, padre Mariano conciliou, com eficiência, enquanto à frente da paróquia, seu mister de sacerdote com um trabalho simultâneo e incessante em benefício de Chorrochó.
Angariou condições para construções voltadas à Igreja e, mais ainda, empreendeu uma admirável obra social direcionada aos paroquianos. São exemplos, salvo engano: a capela Nossa Senhora da Conceição, a construção do Centro Paroquial de Chorrochó, a reforma e ampliação da Casa Paroquial e a instituição do Lar José e Maria.
Com a atuação do padre Mariano, a paróquia deixou de ser um núcleo essencialmente urbano para se transformar num edificante exemplo de amparo às comunidades rurais de Chorrochó.
Conheci padre Mariano Pietro Brentan em circunstância casual. Já morando em São Paulo, em viagem a Chorrochó, fui-lhe apresentado na residência de Maria do Socorro Menezes Ribeiro e Virgílio Ribeiro de Andrade.
Socorro e Virgílio, exemplos edificantes de hospitalidade, amizade e cordialidade. Data inesquecível, memorável, agradavelmente interessante.
Tivemos uma conversa longa sobre a Igreja, suas tradições e, sobretudo, as dificuldades por que passava um vigário do interior. Em nenhum momento reclamou do exercício de seu mister religioso.
Conversa marcadamente auspiciosa, padre Mariano falou de ritos e de história e até me fez ver a importância do Hino Queremos Deus, um dos mais tradicionais da Igreja Católica. Falou do papel da Igreja no sentido de aplainar a insensatez e ingratidão dos homens que se “erguem em vão contra o Senhor”, em todo o tempo.
Impressionei-me com a decência, cultura e espírito de solidariedade demonstrada pelo padre Mariano, ilustre representante da Igreja Católica em Chorrochó, à época.
Educado, sonhador, inquieto, responsável ao extremo pelo ofício religioso que lhe foi confiado, padre Mariano é defensor intransigente da fé católica, que a exalta admiravelmente.
O que sei – e sei pouco de sua vida – é que é italiano nascido em 06.06.1938, ordenado em 08 de dezembro de 1985 em Euclides da Cunha (BA) e, em razão dessas costumeiras decisões que a Igreja determina aos membros de seu clero, veio parar em Chorrochó.
É o que o Direito Canônico denomina de residente não incardinado, ou seja, uma liberação do religioso pela Igreja, para algum lugar, por determinado tempo.
Segundo a Igreja, padres residentes não incardinados são aqueles que exercem o ministério na diocese, embora oriundos de outra diocese ou ordem religiosa, às quais ainda estão ligados canonicamente.
Ele ficou em nosso meio, para alegria e benefício dos paroquianos de Chorrochó, por alguns anos. Sua presença era admirável, porquanto terna e essencialmente voltada para os assuntos da Igreja.
Dedicado, obediente às normas da Santa Sé universalmente aceitas, padre Mariano veio robustecer a história de Igreja de Chorrochó. Um fato louvável, espiritualmente valioso.
Em 2018, fragilizado em razão de problemas de saúde, pela primeira vez padre Mariano não compareceu aos festejos da festa de Senhor do Bonfim de Chorrochó. Talvez estivesse refletindo sobre o caminho percorrido, sua luta e seu passado de feitos e glórias.
Os esteios da contribuição de padre Mariano para Chorrochó são valiosos.
“A Justiça é como uma serpente, só morde os pés descalços.” (Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, 1940-2015).
Tribunal Superior do Trabalho (TST). Crédito: Bárbara Cabral/TST
Tão cara quanto desnecessária, a Justiça do Trabalho pagou em dezembro de 2024, R$ 10 milhões a mais a seus 27 ministros do Tribunal Superior do Trabalho, a título de “pagamento de retroativos”.
Cada ministro do TST recebeu, em média, R$ 416 mil, somente em dezembro. Um ministro chegou a receber R$ 706 mil.
Só para lembrar, o salário mínimo é R$ 1.518,00 e a maioria dos brasileiros aposentados, que trabalhou e contribuiu para o INSS durante toda a vida, recebe um salário mínimo ou em volta disto.
“A média desse dinheiro embolsado pelos ministros do TST corresponde a 13 vezes mais que o teto do funcionalismo público, que é o salário de ministro do Supremo Tribunal Federal.” (Diário do Poder, 22/01/2025).
Ou seja, o teto constitucional previsto é uma deslavada hipocrisia.
Os supersalários persistem, os privilégios da elite persistem.
Enquanto pobres, miseráveis e descalços passam fome, a elite do Judiciário se lambuza.
Agora, a piada. Está escrito na sede do TST: “O Tribunal da Justiça Social”.
Que Justiça Social é esta que permite que um ministro do tribunal receba R$ 716 mil num só mês e um trabalhador aposentado que, por exemplo, trabalhou 35 anos e pagou o INSS, receba somente um salário mínimo?
Padre Ulisses Conceição/Crédito: Boletim Paroquial número 8 – Chorrochó, janeiro de 1987
Em 26/01/2025 completam-se 39 anos da morte do padre Conceição, que faleceu durante os festejos de Senhor do Bonfim.
Para ser o semeador de que nos falam os evangelistas é preciso, dentre outros atributos, crer na imortalidade da alma.
Para “retemperar o ânimo dos que se dão por vencidos precocemente”, como dizia Raul Pompéia, é necessário, sobretudo, embevecer-se na fé.
E para prosseguir no caminho do sacerdócio, é seguramente imprescindível uma inflexível lealdade aos princípios de humildade inerentes à condição de apóstolo.
Neste tempo da festa de Senhor do Bonfim, católicos e povo de Chorrochó em geral também reverenciam a memória do padre Conceição.
Conheci o padre Ulisses Mônico Conceição no início de 1971, em Chorrochó, quando este escrevinhador era estudante do então Colégio Normal São José.
A tendência para a observação, própria dos jovens, sustentava a convicção de que se tratava de uma extraordinária figura humana. O tempo se encarregou de provar isto.
Os jovens daquele tempo tinham grande respeito pelo vigário do lugar, líder religioso devotado à família e aos princípios da igreja. Fomos assim educados, assim estruturamos nossa formação social.
A postura respeitosa do padre Conceição dava o parâmetro para que todos nós o entendêssemos como um líder de elevada envergadura moral e sólida dedicação à Igreja.
Lembro suas andanças, passos largos e seguros, pelas calçadas de Chorrochó.
Muito presente na vida da comunidade, padre Conceição era atencioso, solícito, contemporizador. Dono de uma memória prodigiosa e de uma apreensão fulminante, atendia a todos que o abordavam.
No trato com os adultos criava um ambiente seguro, como se um amparo à pequenez dos fracos. No contato com os jovens, transmitia-lhes uma auréola de esperança necessária à sede de absoluto da adolescência.
A experiência retratava-se nos cabelos homogeneamente brancos, tingidos pelo tempo.
Não é possível falar do padre Conceição sem associá-lo às tradições de Chorrochó. O sertão é, ainda, uma universidade de costumes.
Como dizia o intelectual sergipano Tobias Barreto, “as tradições são o passado que se faz presente e tem a virtude de se fazer futuro”.
Padre Conceição participou ativamente da história de Chorrochó e viveu essas tradições que ajudou a sedimentá-las.
Nas litanias e procissões que se realizavam, era o destaque, paramentos brancos, como uma flor de lírio. Recordo de sua adoração fervorosa ao Santíssimo Sacramento. Interpretava magistralmente a fé.
Nascido em 09.09.1914, em Conceição de Almeida, faleceu em 26.01.1986 em Chorrochó, torrão ao qual vinha se dedicando desde o meado da década de 1950, primeiro espontaneamente, depois na condição de vigário da Paróquia do Senhor do Bonfim de Chorrochó, que ajudou a ser realidade.
A Paróquia foi criada em 27.01.1985. O jesuíta paulista D. Aloysio José Leal Penna (1933-2012), à época bispo da diocese de Paulo Afonso, instituiu a Paróquia de Senhor do Bonfim de Chorrochó
Mais tarde, D. Aloysio foi arcebispo de Botucatu (SP).
A instituição da Paróquia se deu durante as comemorações do centenário da Igreja de Chorrochó, construída em 1885 por Antonio Conselheiro.
A data está no frontispício do majestoso tempo do sertão da Bahia, construção histórica sustentada na fé e deixada pelo beato Conselheiro. Resistiu ao implacável passar dos anos e às intempéries.
Padre Conceição vinha de caminho longamente trilhado. Professor do Colégio Padre Antonio Vieira, em Salvador, certamente lá deixou fincada a eloquência de seus ensinamentos. Eloquência que talvez tivesse origem no sermão que o próprio padre Vieira pregou em maio de 1640 na igreja de Nossa Senhora da Ajuda, quando os holandeses apertavam o cerco à cidade da Bahia.
As ações do padre Conceição e as palavras do padre Vieira guardam incrível semelhança: a intensidade da fé.
A opção pelo sertão sofrido foi uma de suas qualidades de pastor humilde. Ter-lhe-ia sido fácil ficar na cidade grande, onde a comodidade das estruturas de vida e trabalho seria mais favorável. Não o fez. Preferiu Chorrochó.
O beato Conselheiro foi fixar-se nas fraldas das serras contíguas ao Vaza-Barris, onde em 13.06.1893 fundou Belo Monte, hoje Canudos, para ali construir uma sociedade supostamente igualitária.
Chorrochó, como outras localidades do sertão, ergueu-se sobre o pedestal da fé e perdurou. Canudos foi destruído pela crueldade dos homens.
Padre Conceição sempre foi atento aos pequenos nadas de que se compõe a vida, um homem de personalidade marcante. Sucedeu-o na igreja de Chorrochó, outro religioso dinâmico, ativo e muito dedicado à obra de Cristo: padre Mariano Pietro Brentan, italiano trabalhador e dedicado às causas da igreja.
“Sonhador é aquele que percebe a aurora antes dos outros.” (Oscar Wilde, escritor irlandês, 1854-1900)
Em primeiro plano, vereador Anselmo Filho/Arquivo do vereador
Nesta legislatura iniciada em 2025, a Câmara Municipal de Curaçá passou a abrigar Anselmo Filho, dentre as demais e respeitáveis Excelências que compõem a Edilidade.
A democracia compatibiliza a soberania do voto popular com o esperançar do tempo.
Noutras ocasiões, escrevi alguns artigos sobre esse ilustre descendente de Patamuté, filho de D. Zaira Maria Souza Brandão e do ínclito Anselmo Vital Matos, de modo que, para não ser repetitivo, hoje faço somente o registro de sua presença na Câmara de Curaçá nesses próximos quatro anos.
Ainda jovem, Anselmo Filho traz a expectativa de lutar por seus sonhos da juventude e a esperança de uma aurora alvissareira em Patamuté.
Minha esperança é que Patamuté passe a ter voz firme e persistente em defesa de sua população, quaisquer que sejam as instâncias possíveis.
É indubitável que estamos vivendo tempos excêntricos e formas enviesadas de comportamento na vida pública.
Na condição de curaçaense, temo que o prefeito Murilo Bonfim (PT) siga o caminho temerário e truculento adotado pelo lulopetismo: “nós contra eles”.
Prefeito Murilo Bonfim/Reprodução de foto da campanha eleitoral
Não conheço o prefeito, o que para ele não tem nenhuma ou qualquer importância, embora tenha boas referências de Sua Excelência.
O que se convencionou chamar de polarização apequena a política séria, apequena os políticos que se dizem sérios e permite a abertura de um fosso entre a nobreza do mandato popular e a civilidade política, reduzindo-os à mesquinhez e à insensatez.
Seria um desastre para Curaçá.
Pululam acusações contra o ex-prefeito Pedro Oliveira, que também não o conheço e ele deve estar se lixando para o que escrevo. E faz muito bem.
Entretanto, parece que em Curaçá está faltando um senhor equilibrado chamado Bom Senso para desanuviar o emaranhado de entulhos verbais deixados pela campanha eleitoral de 2024 que não podem persistir sob pena de contaminar ideologicamente a administração do município.
A nova administração municipal vem apontando uma série de irregularidades supostamente praticadas na gestão anterior, tais como sucateamento de veículos, insuficiência de recursos para pagamentos de servidores, débito da Municipalidade junto ao INSS, prédios abandonados, negligência de zeladoria, lixo acumulado nas ruas, et cetera.
À vista desse quiproquó entre o prefeito que entrou e o que saiu, é razoável ponderar que tanto a sociedade quanto a Câmara Municipal têm o nobre dever de fiscalizar, sugerir, apontar erros, indicar caminhos razoáveis e, se for o caso, denunciar desmandos eventualmente praticados em toda e qualquer gestão púbica.
Ex-prefeito Pedro Oliveira/Reprodução google
Consequentemente, partindo do pressuposto de que havia tantas irregularidades como agora são apontadas, cabe perguntar onde estavam os vereadores de Curaçá, independentemente do viés político – situação ou oposição – e líderes da sociedade curaçaense que não fiscalizaram e/ou denunciaram tais desmandos no decorrer da administração anterior?
Aliás, Curaçá não é uma metrópole confusa que possa dificultar a detecção dessas irregularidades, de modo que não é difícil constatar falhas da gestão pública, seja a olho nu, ou através dos portais de transparência disponíveis, se for o caso.
Outrossim, há órgãos de controle que também cuidam da vigilância e emprego do dinheiro público, que normalmente agem quando provocados pela sociedade, considerados os que atuam de ofício.
De outro turno, salvo engano, o prefeito está prestes a mandar para a Câmara Municipal – ou já mandou, se não desistiu – projeto criando algumas dezenas de cargos e definindo vencimentos que, a grosso modo, são incompatíveis com o município que diz faltar dinheiro para pagar o básico, a exemplo de servidores.
Assim, parece haver uma estridente incompatibilidade entre o estado de penúria do município alegado pela nova gestão e o pretendido por ela.
De qualquer modo, o “nós contra eles” é abominável em Curaçá ou em qualquer lugar.
Contudo, revela-se animador saber que o prefeito Murilo Bonfim se cercou de uma equipe experiente e competente, dentre secretários e assessores, o que ajuda a escolher um novo e bom caminho para Curaçá.
É preciso estruturar as mentalidades em Curaçá, sem o que não acontecerá nenhuma mudança. O município não pode ficar atrelado aos erros de gestões opacas e eventualmente negligentes, tampouco se tornar uma fábrica de acusações.
Igreja de Senhor do Bonfim de Chorrochó/Crédito Edilson Oliveira
A Igreja Católica de Chorrochó deu início aos festejos do padroeiro Senhor do Bonfim que se estendem de 16 a 26 de janeiro.
O início, como todos os anos, deu-se com o traslado da bandeira do Santo Cruzeiro até a Igreja de Senhor do Bonfim. Na tradição, que se fez história, o hasteamento da bandeira sinaliza o começo da festa.
A Igreja é como uma flor que brota continuamente em meio a rudes espinhos do tempo e dos escombros das tragédias humanas, mas a fé a torna mais resistente, indestrutível, acolhedora.
Assim, a Igreja de Chorrochó.
Em meio a tantas atribulações a que as populações estão envolvidas, de quando em vez o calendário da Igreja possibilita uma pausa para permitir que todos se envolvam em orações.
Em Chorrochó, portanto, realiza-se a festa do padroeiro Senhor do Bonfim. É uma oportunidade para que os católicos abandonem seus momentos de egoísmo e arrogância e dêem lugar às orações, normalmente negligenciadas no dia a dia, inclusive em razão da luta pela sobrevivência.
Todos os dias durante o novenário, época de contrição e louvor, após a bênção do Santíssimo Sacramento, o celebrante desperta os fiéis no sentido de que o nome de Jesus é sempre bendito: “Bendito seja Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento do Altar!”.
É o louvor em desagravo às blasfêmias, ao indiferentismo com as coisas que dizem respeito à fé.
O celebrante pede para que Deus derrame bênçãos “sobre o chefe da nação e do estado e sobre todas as pessoas constituídas em dignidade, para que governem com justiça”.
Palavras necessárias, mormente nos dias de hoje – dignidade e justiça – sem as quais nenhum governante desempenha seu papel a contento.
A oração é uma velha fórmula adotada pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMC) do Convento da Piedade, em São Salvador da Bahia, que se estende historicamente deste o século XVII: oração pela pátria, pela Igreja e pelo Santo Padre.
Chorrochó, a exemplo de outros lugares, padece das injunções de parte de uma sociedade desrespeitosa e degradante, alheia às coisas da Igreja e, sobretudo, tendente à vulgaridade.
É notório que a Igreja Católica não tem conseguido manter em seu rebanho as pessoas que ela mesma batizou.
Contudo, não deixo de reconhecer que grande parte desse fenômeno deriva da instituição familiar, que se esfacelou de tal forma que se tornou incapaz de educar seus filhos para o caminho da Igreja.
Também é notório que a Igreja persiste em seu caminho sereno em benefício de seus fiéis e isto não se pode negar.
É tempo de lembrar todos aqueles que sustentaram as colunas da Igreja de Chorrochó, quando tudo era ainda muito rudimentar e difícil: Antonio Conselheiro; monsenhor Elpídio Ferreira Tapiranga, celebrante da primeira missa em Chorrochó, em 1886; padre Manoel Félix de Moura; professora Antonina Gomes; João Alves dos Santos; professora Josefa Alventina de Menezes; padre Ulisses Mônico da Conceição, padre Mariano Pietro Bentran e todos os que vieram subsequentemente, na condição de sacerdotes ou colaboradores.
É também tempo de lembrar os bispos da diocese de Paulo Afonso, que delinearam o caminho da fé na Igreja de Chorrochó: D. Jackson Berenguer Prado, D. Aloysio José Leal Penna, D. Mário Zanetta, D. Esmeraldo Barreto de Farias e D. Guido Zendron, que adota o lema episcopal Cristo Redentor dos Homens e tem sido muito presente na vida da Igreja local.
Por fim, é tempo de reconhecer o papel das instituições religiosas Pia União das Filhas de Maria e Apostolado da Oração que dignificaram a história da Igreja de Chorrochó.
Chorrochó está em tempo de oração e tempo de refletir.
José Nilson Rodrigues dos Santos (Nilsinho), secretário de Administração de Chorrochó
A nova administração municipal de Chorrochó, capitaneada pelo prefeito Dilãn Oliveira, começou apontando alguns sinais positivos no sentido de que vai praticar uma boa gestão.
É cedo. Muito cedo para qualquer avaliação e eventual crítica sobre o caminho que o prefeito pretende seguir à frente dos destinos de Chorrochó. Contudo, o alcaide demonstra boa vontade e deu o primeiro passo.
Vê-se que o prefeito se cercou de secretários e assessores competentes. A escolha da equipe diz muito em quadro assim.
Destaca-se, neste cenário, o secretário de Administração José Nilson Rodrigues dos Santos (Nilsinho), pernambucano de Belém do São Francisco e radicado em Chorrochó há 27 anos.
Experiente, com passagem pela Câmara Municipal de Belém do São Francisco, lá exerceu a chefia de Gabinete da presidência no período 1998/1999. Mais tarde, foi secretário parlamentar na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
José Nilson também desempenhou funções de relevo no município de Chorrochó, tais como assessor especial, secretário de Governo em três ocasiões e secretário de Agricultura.
Entre 2018 e 2024, José Nilson trabalhou na Prefeitura de Abaré na gestão do prefeito Fernando Tolentino.
Político atuante desde jovem, José Nilson foi quatro vezes presidente do Diretório Acadêmico do Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF) de Belém do São Francisco.
É formado em Contabilidade e História e fez especialização em Gestão Pública na Escola de Contas Públicas de Pernambuco, de modo que parece habilitado para lidar com assuntos dessa natureza e concernentes à administração de Chorrochó.
Com base eleitoral em Caraíbas e acentuado apoio na sede, o hoje secretário de Administração de Chorrochó disputou, em 2024, uma vaga na Câmara Municipal pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) alcançando a 1ª suplência e lastreado em 404 sufrágios.
José Nilson foi o 2º mais votado em Caraíbas de Oscar onde, por óbvio, exerce visível liderança.
Caraíbas, como se sabe, agasalha o respeitável patrimônio eleitoral deixado por Oscar Araújo Costa e sustentado por sua lídima e distinta descendência, mas democraticamente, o povoado dá espaço para o surgimento de novas lideranças.
A trajetória política de José Nilson, voltada para a atenção ao desenvolvimento rural sustentável e a luta com o intuito de levar energia às comunidades do campo, lhe têm assegurado o reconhecimento da população, agora expresso na votação para a Câmara Municipal.
José Nilson é casado com Edjane Araújo Botelho e pai do bacharel em Direito Pedro Henrique Botelho Rodrigues e Maria Sophia Botelho Rodrigues.
É membro da Loja Maçônica Acácia Nordestina, de Euclides da Cunha.
A função de Nilsinho na Administração de Chorrochó traz razoável expectativa para somar-se ao esforço do prefeito Dilãn Oliveira.
De supetão, acudiu-me a ideia de ler alguns textos da insigne professora Ivete Ribeiro, que vem a ser Licenciada em Geografia e com Especialização em Geografia e Pedagogia, além de outras qualificações.
Minhas ideias sempre vivem compatibilizadas com supetões. De repente, pulo a janela dos sonhos e saio, por aí, confusamente, garimpando meandros de fatos idos e suas versões, mormente quando adstritos à História do sertão da Bahia, terra deste insignificante e abelhudo escrevinhador.
Deparei, en passant, com algumas referências ao livro Barrro Vermelho – História e Genealogia, que a professora Ivete lançou em 23/06/2022 e trata da origem do lugar e, como o título diz, da genealogia de sua gente.
O lançamento do livro deu-se em Barro Vermelho, distrito de Curaçá, celeiro de músicos, escritores e intelectuais de toda ordem, dentre eles se sobressaem, por exemplo, o jornalista e escritor Maurízio Bim, que tem raízes no distrito, Hélio Coelho Oliveira, a própria Ivete Ribeiro e o maestro Filemon Martins, honra e glória do lugar.
Ademais, repousam em Barro Vermelho os esteios da história de João Gilberto que se estenderam a Juazeiro e ao mundo.
A professora Ivete Ribeiro é autora de uma profusão de textos de amplidão impressionante, inclusive sobre famílias de Uauá que, de resto, abriga grande riqueza histórica dos Ribeiro, da qual fez parte o ínclito coronel Jerônimo Rodrigues Ribeiro, falecido em 29 de janeiro de 2015 aos 98 anos, deixando um lastro de exemplos de vida e de enriquecimento histórico.
Aliás, sobre o conspícuo coronel Jerônimo Ribeiro escrevi, alhures, um artigo que anda esparso por aí, pobre e lacunoso, mas fiel à memória do ilustre filho de Uauá.
Conseguintemente, quero deixar registrado aqui meu apreço pela obra literária da professora Ivete Ribeiro e me predisponho a pesquisar mais sobre seu vasto caminho intelectual para não correr o risco de sair por aí escrevendo inadequações.
Post scritum I:
Há alguns anos, um leitor deste blog disse que eu não tenho estilo, misturo diversos assuntos no mesmo texto, alhos com bugalhos.
O leitor tem razão.
Este negócio de ficar me perdendo e me achando no mesmo espaço faz parte de minhas elucubrações.
Sou um cronista do acaso e nesta altura da vida, não estou preocupado com estilo. Diante de tantas atrocidades que vemos ao nosso redor no dia a dia, há outras razões para reflexões e preocupações.
Post scriptum II:
Caminha para dez anos o lançamento do livro Barro Vermelho-memória e espaço, do escritor curaçaense Maurízio Bim. O lançamento da primeira edição deu-se em 06/11/2015 e o da segunda edição aconteceu em 19/06/2022.
Da esquerda para direita, D. Alice, o neto Egidinho, o filho Paulinho e a nora Rita, em foto de 2015/Arquivo Egídio Felizardo
A família noticiou o falecimento de Alice Alves Santana, que tinha raízes fincadas em Patamuté.
D. Alice nasceu em 1928, filha de Maria Querubina dos Santos e Macário Alves.
Macário Alves é um dos exemplos de decência e honradez que Patamuté guarda nos cadernos de sua História.
D. Alice se casou com Egídio Felizardo de Santana (Zinho) com quem constituiu família bem estruturada e educada nos moldes tradicionais da época e do lugar. Salvo engano, Zinho era filho de Sapeaçu, no recôncavo baiano, mas radicado em Patamuté.
Respeitado, decente e de caráter irrepreensível, numa quadra do tempo Zinho sustentou suas atividades, dentre outras, transportando pessoas, mercadorias e malotes dos correios em um caminhão, entre Patamuté e Juazeiro.
As condições de Patamuté eram outras, outros os costumes e outra a forma de convivência sadia e acolhedora que nossa rudimentar sociedade patamuteense mantinha.
Embora esburacada em razão da passagem do tempo, minha memória vai buscar, em Patamuté, lembranças do ambiente alegre e hospitaleiro da casa de D. Alice, sua simplicidade e o jeito peculiar de lidar com todos.
Convivi, na adolescência, com Pedro Humberto Alves de Santana, um de seus filhos. O tempo afastou a convivência e a amizade, mas a consideração persistiu.
Já se vão, por aí, algumas décadas. A família de Zinho e D. Alice se mudou de Patamuté para o eixo Juazeiro/Petrolina, por circunstâncias que a vida impõe, tais como a necessidade de educar os filhos e lhes permitir colocação e desenvolvimento profissional que Patamuté não tinha condições de assegurar. Deu certo. Todos foram bem encaminhados e ascenderam social e profissionalmente.
Religiosa, quando vivia em Patamuté, D. Alice sempre esteve vinculada à Igreja de Santo Antonio e aos festejos do padroeiro. Construiu sua vida religiosa sob os auspícios de Santo Antonio.
Que Jesus Cristo lhe indique o caminho e Deus a ampare.