Bahia: Governadores do PT pagaram R$ 301 milhões a ministro de Lula

Publicitário Sidônio Palmeira, novo ministro de Lula/Crédito Marcus Claussen

Dinheiro para o PT não é problema. Nunca foi, desde que seja público.

O PT envolveu os renomados e eficientes publicitários baianos Duda Mendonça (1933-2014) e João Santana em esparrela tal que redundou em problemas de ambos com a Justiça.

Agora, Lula da Silva convidou outro marqueteiro baiano – Sidônio Palmeira – para assumir a chefia da Secretaria de Comunicação da Presidência da República em substituição ao petista Paulo Pimenta que desagradou lulopetistas de toda ordem, inclusive o próprio Lula.

Sidônio Palmeira trabalha para os governos petistas da Bahia desde sempre. É publicitário de respeito, competente e homem de confiança de Lula da Silva.

Como se vê, também no PT, as águas só correm para o mar.

Nos últimos quatro anos, os governadores Rui Costa (atual ministro-chefe da Casa Civil) e Jerônimo Rodrigues, ambos do PT, pagaram R$ 301 milhões à empresa Leiaute Comunicação e Propaganda, de propriedade de Sidônio Palmeira, a título de publicidade institucional do governo da Bahia.

Em alguns casos, o Ministério Público da Bahia suspeitou de fraude e ajuizou ação civil contra a empresa de Sidônio Palmeira. Sobreveio acordo e a empresa do agora ministro de Lula pagou multa de R$ 306 mil, uma composição para o processo não prosseguir.

Este tipo de acordo é legal, comum em casos tais. É uma forma consensual para evitar a persecução penal.

“O acordo foi homologado pela 8ª Vara da Fazenda Pública de Salvador em decisão proferida em outubro de 2023. Com isso, a acusação foi encerrada.” (UOL, 09/01/2025).

Em 2024, outra empresa de Sidônio Palmeira – Nordx Estratégia e Criatividade – trabalhou para o PT e recebeu R$ 2,2 milhões a título de serviços prestados.

Em 2022, a campanha presidencial de Lula da Silva pagou para Sidônio Palmeira R$ 37,9 milhões, a título de marketing e propaganda. A Nordex participou da coordenação da dita campanha lulista naquele ano.   

A Rádio Metrópole, de Salvador, que vire e mexe recebe Lula da Silva para entrevista, é de propriedade de Chico Kértesz, sócio de Sidônio Pereira, ministro de Lula. Quem costuma entrevistar o presidente é Mário Kértesz, ex-prefeito de Salvador e pai de Chico Kértesz, dono da Metrópole.

O presidente Lula da Silva em entrevista à Rádio Metrópole/Crédito: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Sidônio Palmeira estudou engenharia e foi líder estudantil na Universidade Federal da Bahia (UFBA) entre 1981 e 1982 e marqueteiro das campanhas de Jaques Wanger em 2006 e 2010, também das campanhas de Rui Costa de 2014 e 2018 e, subsequentemente, marqueteiro da campanha presidencial de Lula da Silva em 2022.  

Agora, Lula da Silva o encastela no Palácio do Planalto.

Como se vê, no reinado do PT, nada de novo.

araujo-costa@uol.com.br

Lembrança e olhos cheios de ausência  

“Toda saudade é uma espécie de velhice. É por isso que os olhos dos velhos vão se enchendo de ausências” (Rubem Alves, psicanalista e educador, 1933-2014).

Maria do Socorro Menezes Ribeiro em foto de 2013/Álbum da família

Início da noite, quando o burburinho do ambiente profissional já se havia dissipado, um amigo pondera, entre confuso e reflexivo: Deve haver explicação para os tropeços, saudades e sofrimentos que enfrentamos na vida.

Para não deixá-lo desapontado, concordei, embora sem nenhum condição de concordar ou discordar. Deve haver, sim. Mas são explicações que não conseguimos explicar.

Às vezes no decorrer da caminhada falta coragem e sobra medo de enfrentar os tropeços, encarar os sofrimentos e as saudades.

É por isto que vamos deixando vácuos pelo caminho, lacunas não preenchidas, dúvidas, reticências, arrependimentos, saudades, arrogâncias.

Cora Coralina (1889-1985) foi além: “Devia ter tido a coragem que me faltou e não devia ter tido o medo que me sobrou”.

Chega o outono inevitável, o período da maturidade, o tempo de grisalhar, de refletir e a expectativa da finitude.  

Até os sonhos às vezes fracassam e caem, à semelhança das folhas e se esvoaçam em direção à distância.

Lembro Maria do Socorro Menezes Ribeiro (1937-2024). Devo-lhe gratidão pela amizade e acolhimento numa quadra do tempo. Madrinha de minha primeira filha. Lembro o dia do batismo numa igreja de Rodelas, diocese de Paulo Afonso.

Saudade. “Olhos se enchendo de ausência”.

Tempo de descer ao pé da escada para refletir, sem perder a coragem de elevar a humildade ao último degrau, pedir desculpas, chorar.

E sorrir, se puder, ao cutucar das lembranças.

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Chorrochó: cochilos da história não apagam os bons exemplos

“Há emoções que abrem talhos incicatrizáveis na alma da gente.” (Paulo Setúbal, escritor e jornalista paulista, 1893-1937).

Em 2021, Chorrochó perdia o ínclito Dr. Antonio Pacheco de Menezes Filho, nascido em 1936.

Dr. Antonio Pacheco de Menezes Filho e professora Maria Therezinha de Menezes/Álbum da família

A ocasião reuniu lágrimas, gratidão, saudade, exemplos e lembranças.

Conheci-o em 1971. Já se vão, por aí, mais de cinco décadas.

Equilibro-me no tempo e nos escombros das recordações para reverenciar sua memória.

Primeiro Diretor do Ginásio Municipal Oliveira Brito, fundado em 08/02/1963, embrião do Colégio Estadual São José, Dr. Antonio Pacheco de Menezes Filho sustentou, com seriedade e dedicação, a causa do ensino em Chorrochó.

Permaneceu na trincheira do ensino público e serviu de exemplo para seguidas gerações. Sua atuação se estendeu ao subsequente Colégio Normal São José, sempre com dignidade e honradez.

O Colégio São José passou por uma fase cenecista, porquanto estruturado segundo normas e diretrizes da Campanha Nacional de Educandários da Comunidade (CNEC), instituição de providencial importância para os municípios do interior naquele tempo.

O Colégio São José ainda se estava engatinhando, quando a batuta do exímio Dr. Pacheco o transformou num respeitável estabelecimento de ensino, coadjuvado por seu corpo docente dedicado, sério e comprometido com a causa do ensino em Chorrochó.

O ensino propiciado pelo poder público aos municípios era demasiadamente ineficiente e deixava lacunas consideráveis. A CNEC, em alguns casos, preenchia esses espaços, fundando escolas e viabilizando professores locais.

Assim, estribado nesses princípios, Chorrochó construiu significativos valores que perduram até hoje e o Dr. Pacheco teve atuação de destaque nessa quadra do tempo.

Naquela ocasião, Dr. Pacheco já havia ingressado no Ministério Público do Estado da Bahia e exercia a função de Adjunto de Promotor na então jovem comarca de Chorrochó, que tinha sido instalada em outubro de 1967. O Dr. Olinto Lopes Galvão Filho era o juiz de direito titular da comarca.

Dr. Antonio Pacheco de Menezes Filho fez brilhante carreira na Bahia e trabalhou em diversas comarcas do Estado, dentre elas Chorrochó, Morro do Chapéu, Euclides da Cunha, Paulo Afonso e Salvador.

Em todas essas comarcas alçou posição de destaque no edificante exercício de sua função de promotor de Justiça. Salvo engano, aposentou-se em novembro de 1994.

Dr. Pacheco era casado com a insigne professora Maria Therezinha de Menezes, brilhante senhora da sociedade chorrochoense, ícone da cultura local, lídima, notável e conspícua intérprete das tradições de Chorrochó, com quem constituiu família.

As filhas Fabíola Margherita e Cynthia Cibelle completam o núcleo familiar e estiverem sempre ao redor do casal, desfrutando a ascendência exemplar e certamente razão de orgulho.

Não custa acrescentar que os esteios do Colégio São José, hoje estadual, ainda desempenha importante papel na educação de Chorrochó. Lá está, seguramente, a semente imorredoura plantada pelo Dr. Pacheco.

O falecimento do Dr.Pacheco nos fez rememorar monumentais exemplos de bondade e competência profissional que ele deixou para seguidas gerações.

Culto, simples, inteligente, sensato, moderado e comedido em suas ações, Dr. Pacheco deixou sábio exemplo de vida e de caráter irrepreensível.

Dono de uma humildade impressionante, Dr. Pacheco construiu uma história de elevada honradez e seriedade. É um exemplo para chorrochoenses, admiradores e familiares.

A História de Chorrochó tem cochilado relativamente aos construtores de sua cultura. Mas esses cochilos não têm o condão de apagar os bons exemplos.

Post scriptum:

Restrinjo-me ao tempo em que faziam parte da direção e do corpo docente do São José, dentre outros: Dr. Antonio Pacheco de Menezes Filho, Maria Ita de Menezes, Maria Nicanor de Menezes Veras, Maria Joselita de Menezes, Maria do Socorro Menezes Ribeiro, Maria Therezinha de Menezes, Neusa Maria Rios Menezes de Menezes e Walmir Prudente de Menezes. Walmir foi presidente da CNEC local.  

O Colégio de Tempo Integral São José, no formato de agora e inaugurado em data recente é uma edição do antigo Colégio São José elegantemente melhorada e adequada ao nosso tempo .

araujo-costa@uol.com.br

Em Rodelas, uma liderança consolidada

Aluísio Almeida, em foto de 2022/Perfil do político no facebook

“Uma grande tarefa não se realiza com homens pequenos.” (John Stuart Mill, filósofo e economista britânico, 1806-1873)

As eleições municipais de 2024 reconduziram algumas lideranças ao topo de sua costumeira atuação política.

Nalguns casos, o alinhamento político-partidário manteve a mesma formação da chapa da eleição anterior, o que caracteriza saudável amadurecimento das relações políticas e permite a consolidação de lideranças.

Em Rodelas, o vice-prefeito Aluísio Almeida (AVANTE) vem se firmando com desenvoltura na história do município, de modo que seu nome se destaca no cenário político, tendo em vista, principalmente, atuação contínua na área da saúde.

Belo município à margem do São Francisco, Rodelas limita-se com simpáticos vizinhos, tais como Paulo Afonso, Glória, Jeremoabo, Chorrochó e Macururé, todos enfrentando a mesma realidade do ponto de vista social e econômico.

Descendente de família humilde – mãe tecelã e pai agricultor – Aluísio Almeida estudou em escola pública em sua cidade, ampliou seu conhecimento fora de Rodelas e optou por uma área muito espezinhada no interior, sempre colocada à margem das necessidades da população: a saúde.

Graduado em Administração e especializado em Gestão Hospitalar, dentre outras qualificações, exerceu cargo de direção em diversas unidades de saúde. Empresário de sucesso, habilitado em Gestão de Negócios, o vice-prefeito de Rodelas trilhou  caminho seguro e bem pavimentado em busca de seus sonhos.

Passou pela Associação Obras Sociais Irmã Dulce, de Salvador, instituição de reconhecida referência e foi dirigente de alguns estabelecimentos de saúde na Bahia e fora do Estado.

Já se vão, por aí, pelo menos duas décadas de exercício profissional em estabelecimentos de saúde, o que lhe habilitou a lutar com exemplar conhecimento no campo político com vistas à transformação da sociedade local.

Determinado, trabalhador e defensor de melhor qualidade de vida para sua gente, Aluísio Almeida alcançou patamar de destaque na política de Rodelas e, certamente, deverá objetivar voos mais altos nos próximos pleitos eleitorais.

É razoável presumir que, diante de sua maneira destemida de enfrentar desafios, o vice-prefeito de Rodelas se preparou para enfrentar grandes tarefas e se agigantou, quer como profissional da área de saúde, quer na condição de empresário, quer na seara política.    

Relativamente jovem, pouco acima de quarenta nos, Aluísio Almeida adquiriu estofo para realizar grandes tarefas.

araujo-costa@uol.com.br

Curaçá: nova realidade se sustenta na esperança

“Agora estou ouvindo tudo, até conselhos.” (Heitor Dias, 1912-2000, prefeito de Salvador no período de 1959-1963).

Prefeito Murilo Bonfim e Vice-prefeita Maria da Paz/Reprodução perfil do prefeito no facebook

Curaçá empossou o prefeito Murilo Bonfim em 01/01/2025.

O novo prefeito precisa “escorregar pra cima”, como dizia o escritor Guimarães Rosa.

Escorregar pra cima, neste caso, significa passar por cima de todos os vícios das administrações anteriores e fincar um novo tempo de luta e seriedade em benefício do município.

A vitória de Murilo Bonfim decorreu da esgarçadura do modo de governar do prefeito anterior e de seu grupo político por ele capitaneado, de modo que o fundamental para o novo alcaide é trabalhar para operar mudanças neste cenário tão desgastado por que passa Curaçá.

Este cenário resultou na esperança de um novo olhar manifestado nas urnas. A vontade popular rejeitou a continuidade e a mesmice e parece se sustentar na esperança de horizontes mais promissores.  

Se quiser ser bem-sucedido – e é possível que queira – o prefeito de Curaçá precisa ouvir conselhos e muitas ponderações.

Não conselhos de amigos chegados, apoiadores próximos e assessores bem remunerados, mas conselhos de quem mais entende de abandono e desamparo: o povo.

“Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam e bajulam, porque me corrompem”, provérbio atribuído a Santo Agostinho.

Entretanto, os políticos costumam ouvir os bajuladores e não os críticos.

A capacidade de absorver as críticas e disposição de ouvir conselhos podem ser o caminho para aperfeiçoamento da administração pública do município.

É preciso extirpar, sem ressentimentos, as marcas de administrações capengas, ineficientes, opacas e cochilantes, independentemente de espectro político e coloração partidária.

Ao desamparado que precisa da atenção do poder público não interessa a cor da camisa do gestor, mas sua disposição de exercer o cargo com ética e dignidade.

O prefeito não pode ficar ancorado no passado e atuar como se vivesse no tempo do mandonismo político, mas apresentar os feitos à população não como se fossem favores da Prefeitura, mas direitos dos munícipes e deveres do gestor.

Quanto ao secretariado e assessores escolhidos e anunciados pelo prefeito, razoável ponderar que se compõem de pessoas experientes, bem preparadas e, sobretudo, voltadas para o zelo do bem público.

Hoje – parece – parte da sociedade está mais vigilante, inclusive sobre a atuação dos vereadores.

Contudo, se o prefeito não tiver vigilância diuturna da Câmara Municipal – o que é difícil ter – provável que tudo deva continuar na mesma toada de antes.

“Toda ideia precisa de outra que se lhe oponha para aperfeiçoar-se.” (Hegel, 1770-1831).

A nobre função fiscalizadora da Câmara Municipal agiganta-se toda vez que o dever é separado das paixões políticas.   

Nesta quadra do tempo, em Curaçá ou em qualquer outro município, não há mais espaço para vereadores acomodados e  subservientes à vontade do prefeito.

De qualquer modo, agora é tempo de torcer para o êxito do prefeito Murilo Bonfim e desejar-lhe sabedoria para delinear os destinos de Curaçá.

Post scriptum:

Desejo êxito e muita disposição aos secretários e assessores da nova administração de Curaçá.

A Elias Fonseca Martins, chefe da Assessoria de Comunicação, deixo registradas minha admiração e a certeza de que exercerá sua função com zelo, desenvoltura e responsabilidade.  

 araujo-costa@uol.com.br

Chorrochó, esperança e expectativa

Prefeito Dilãn Oliveira/Reprodução/página do prefeito no facebook

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.” (Luiz de Camões)

Chorrochó empossou seu prefeito em 01/01/2025.

Trata-se de Dilãn Oliveira, que provém de distinta família e carrega princípios enraizados em caráter irrepreensível e boa educação.

Já escrevi, alhures, sobre as qualidades do pai do atual prefeito Dilãn Oliveira. Dele mantenho boas referências de seriedade e honradez.

Em consequência, vislumbro expecatativas que me fazem acreditar que Dilãn Oliveira será bom prefeito, considerados os possíveis fracassos naturais do caminho de qualquer homem público que devem ser absorvidos e enfrentados de acordo com a quadra do seu tempo.

A esperança é no sentido de que se mudem as vontades de governar das quais Chorrochó tanto precisa.

O presidente Juscelino Kubitscheck em suas memórias Meu caminho para Brasília deixou essa lição lapidar: “Quando o homem público precisa governar, ele não deve procurar recursos nos cofres públicos, mas em sua própria cabeça.”  

Daí o sinal de que o bom administrador público deve lidar, sobretudo, com as prioridades exigidas pela população. É o tirocínio, a habilidade para discernir e antever os labirintos e a travessia de sua atuação.  

As solenidades de posse e transmissão do cargo trouxeram um quê de esperança, um descortinar de novo tempo em Chorrochó.  

O prefeito fez discurso otimista e bem recepcionado pela esperança de todos.

“Vamos juntos acelerar nosso município, continuar os trabalhos em nossa Chorrochó e fazê-la viver um novo tempo. Uma cidade melhor em serviços públicos e com melhores condições para criar os filhos dos chorrochoenses”.

De fato, Chorrochó precisa de um olhar mais aguçado e mais adequado ao desejo de mudança ou, no mínimo, de aperfeiçoamento de decisões.

A lista de secretários e assessores escolhidos pelo prefeito parece espelhar experiência e expectativa de um novo caminho, pelo menos, por enquanto.

Todavia, salvo engano, o ex-prefeito Humberto Gomes Ramos, sustentáculo  da eleição e vitória de Dilãn Oliveira faz parte do secretariado e foi agraciado com uma função estratégica.

Isto pode revelar muita coisa.

Continuidade, por exemplo. Ou tão somente acomodação dos tentáculos necessários à ação política de governar.

De qualquer modo, agora é tempo de torcer para o êxito do prefeito Dilãn Oliveira e desejar-lhe sabedoria para delinear os destinos de Chorrochó.

araujo-costa@uol.com.br  

Dinheiro público paga deslumbramento de Janja da Silva

Janja da Silva/Horácio Villalobos/Corbis/Via Getty Images

Não está bem delineada a razão pela qual empresas e institutos de pesquisas se interessam com a popularidade da deslumbrada primeira-dama do Brasil, já que dita senhora não faz parte do governo, não tem e não pode ter cargo no governo – bem que ela tentou – e, sobretudo, sua contribuição mais notória tem sido falar asneiras em público.  

Mas o fato é que a Genial/Quaest divulgou pesquisa recente dizendo que a popularidade de Janja da Silva despencou de 41% para 22%.

Sabe-se que a popularidade de Lula da Silva também está despencando, inclusive no Nordeste. Por enquanto, isto não quer dizer nada.

Na região Nordeste, pesa mais a favor de Lula o fanatismo do que, propriamente, a admiração. Nos rincões e pequenos municípios do Nordeste, Lula da Silva é visto como iluminado, messiânico, providencial, espécie de salvador da Pátria dos mais necessitados. 

O deslumbramento da primeira-dama chegou ao ponto de gastar R$ 283,3 mil em viagem ao Qatar, tudo por conta dos impostos que os sofridos brasileiros pagam.

Janja da Silva levou a tiracolo policiais federais e 12 assessores com diária que variaram de R$ 4.200 a R$ 6.300, o que elevou as despesas de viagem ao estratosférico valor de R$ 283,3 mil. D.Janja levou até fotógrafo para registrar seu deslumbramento na Península Arábica.

À exceção do Grupo Globo, que apóia Lula neste seu terceiro mandato, a imprensa noticiou isto exaustivamente, a exemplo do Portal Terra (24/09/2024), O Estado de S.Paulo (25/09/2024) e Poder 360 (25/09/2024).

Primeira-dama em qualquer governo sério não pretende exercer função oficial. Restringe-se a participar de cerimônias públicas e promover ações beneficentes e sociais.

Exemplos mais notórios que enriqueceram a figura da primeira-dama foram Eloá Quadros e Ruth Cardoso, respectivamente esposas dos presidentes Jânio Quadros e Fernando Henrique Cardoso.

Primeira-dama não pode aparecer mais do que o presidente. É o presidente que foi escolhido pela soberania popular e cabe a ele o protagonismo das decisões de governo.

Enquanto o governo Lula cancela benefícios do INSS concedidos a doentes e desamparados, inclusive menores incapazes, D.Janja esbanja dinheiro público para coadunar com sua vaidade e deslumbramento.

D. Janja é a cara do PT. Adora dinheiro público.

E ainda tem quem acredite que o governo quer cortar gastos.

araujo-costa@uol.com.br

Natal e solidão do dia seguinte

O carteiro que serve minha rua, que é jovem, não viveu a época em que as pessoas mandavam cartões desejando votos de “feliz Natal e próspero Ano Novo” para parentes, amigos, conhecidos e sujeitos de suas relações, ainda que comerciais.

Não só o carteiro desconhece tais costumes dessa época, mas as gerações mais recentes, que vivem embevecidas nessas confusões eletrônicas e necessárias a essa quadra do tempo, que vão de redes sociais, e-mails e outras geringonças digitais mais.

Aliás, com os avanços tecnológicos, carteiros já se aproximam da extinção.

Os envelopes continham traços de sinos, manjedouras e adereços alusivos à ocasião e dizeres bonitos, floridos, admiráveis, sinceros.

Mandar cartões de Natal para amigos resumia-se em prova de consideração.

As mensagens abarrotavam as agências e postos dos correios em finais de ano.

Ao receber as correspondências, perguntei ao diligente estafeta se havia cartões de Natal.

Surpreso, diante da novidade, respondeu seco, quase assustado com minha pergunta ultrapassada, coisa de velho já descambando em direção ao precipício da finitude.

– Acho que não.

Esse costume não existe mais. As comunicações online extinguiram essa forma tão eficiente de relacionamento: as felicitações pela passagem das festas de fim de ano.

Hoje quase ninguém mais manda cartões, chega a ser uma cafonice, um atestado de desinformação e até, em certos casos, um comportamento irrefletido diante de tanta parafernália eletrônica em tempo real.  

Interessante é que a mudança se deu mui rapidamente.

Eu tinha o hábito de mandar cartões de Natal, até por educação e etiqueta. Vi-me ultrapassado de repente. Neste 2024 não mandei sequer um.

Fui desencorajado pela onda de frieza que assola as metrópoles e para não correr o risco de ser chamado de jurássico.

A indiferença passou a ditar o comportamento, ainda mais neste tempo de distanciamento físico e emocional.

A evolução da sociedade vai dizimando, em seu bojo, as formas simples de convivência, destruindo friamente os relacionamentos e corroendo os vínculos sociais que já eram escassos.

Estamos todos menos calorosos, desinteressados pelos outros, excessivamente críticos e egoístas, de sorte que muitas coisas perderam importância, embora muitos de nossos valores estejam ínsitos nas pequenas coisas.

Em breve os cartões de Natal serão lembranças e relíquias para colecionadores, assim como as cartas que não escrevemos mais e os recados verbais que não mais mandamos para amigos e familiares.

As cartas foram substituídas por mensagens eletrônicas frias, sucintas, às vezes automáticas, insignificantes diante da grandeza humana.

Mais: quem menos é lembrado no Natal é o aniversariante do dia, Jesus Cristo.

O certo é que todos os dias, recebemos dolorosos e cruéis chutes de contumazes indiferenças.

E vivemos à espera da solidão do dia seguinte.  

Bom e feliz Natal para meus leitores, amigos, parentes e aderentes.

Desejo a todos próspero 2025 com muita saúde, compreensão e disposição para o prosseguimento da difícil caminhada em direção ao desconhecido.  

Deus sempre.

araujo-costa@uol.com.br

Ministros de Lula da Silva: uma foto sem importância  

“Governo existe para fazer as coisas difíceis. As fáceis a gente mesmo faz.” (Coronel Chico Heráclio, de Limoeiro-PE, 1885-1974)

Presidente Lula e ministros em foto de 20.12.2024/Ricardo Stuckert, Presidência da República

Durante a sedação do presidente Lula da Silva, procedimentos cirúrgicos e internação na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o Brasil ficou acéfalo, sem presidente.

Tirante a preocupação com a saúde do presidente, que todos devemos ter e ser solidários, não fez a menor diferença. O Brasil andou porque não precisa do PT para andar.

O governo Lula  – parece lenda – tem 39 ministérios, sendo 31 ministérios propriamente ditos, 4 secretarias e 4 órgãos com status de ministérios.  

Um fantástico cabide de empregos para acomodar aliados e apaniguados. Tais ministérios existem formalmente, mas questionáveis na atuação.

Pelo menos cinco ministros estavam – ou estão – preocupados em arranjar empregos vitalícios para suas esposas e entronizá-las no pedestal das mordomias.

É o caso, dentre outros, do todo poderoso Rui Costa, ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil.

Talvez o exemplo mais evidente de seriedade no ministério de Lula seja o pernambucano José Múcio Monteiro Filho, ministro da Defesa. Trabalhador, sério, probo, correto, sensato e, sobretudo, responsável.

José Múcio já sinalizou que vai sair, disse que já cumpriu sua parte no governo Lula e precisa recolher-se ao descanso e à vida particular. O ministro já notou que sua biografia não se ajusta bem a esta constelação de ministros opacos e indolentes.  

Ainda em recuperação, de volta a Brasília, Lula se reuniu com seus ministros e daí, como de praxe, saiu a foto de todos, mais um sinal de confraternização de fim de ano do que resultado de discussões de tarefas administrativas.

O PT não pensa noutra coisa, senão na eleição presidencial de 2026, o que chega a ser um desrespeito ao estado de saúde do presidente Lula.

Sequer sabemos se Lula terá condições de saúde e de idade para enfrentar mais um pleito eleitoral daqui a dois anos.  

Esperamos todos que Lula da Silva atravesse essa fase da velhice e permaneça apto para disputar a eleição presidencial de 2026.

Lula continua sendo um contraponto democrático, embora democracia para o PT seja tão somente uma questão semântica.

Não pode primar pela democracia um partido que apóia ditaduras cruéis a exemplo de Cuba e Venezuela, para ficar nesses dois exemplos.

Mas é bonito dizer que é democrático. E o PT diz que é.

O problema do PT é que não tem líderes para substituir Lula. Há um vácuo de liderança no partido.

O PT se sustenta em Lula da Silva. Sem Lula, esfacela-se.

araujo-costa@uol.com.br  

Patamuté, lugares e lembranças de minha aldeia

Casa de taipa na caatinga de Patamuté, onde nasci.

“Tudo está neste lugar: os silêncios, o tempo, o calor, a poeira, a solidão.” (José Luiz Villamarim, diretor de cinema e televisão, sobre o sertão nordestino)

Modéstia à parte, nasci em Patamuté, lugar encravado no sertão da Bahia.

Em Patamuté é modo de dizer, porque nascer lá é muita honra e por isto sempre digo que sou de lá, com orgulho.

Mas nasci mesmo foi numa rústica casa de taipa, entre pedras e cactos, na caatinga, divisa com o município de Chorrochó, nos barrancos do Riacho da Várzea.

Esse lugar pertence ao distrito de Patamuté, minha querida aldeia, lá para as bandas do município de Curaçá.

Um amigo metido a filósofo, depois do terceiro uísque, quis saber a razão de tanto me orgulhar de lá.

Expliquei-lhe. Melhor, perguntei-lhe.

Você sabe o que é nascer ouvindo o canto dos pássaros e a cantiga das cigarras e se criar dividindo espaço com bodes, cabras, ovelhas, tatus, tamanduás, preás, raposas, teiús, galinhas e outra série de animais e aves do sertão?

Sabe o que é passar a infância com os pés descalços e roupas rasgadas e conviver, diariamente, com o sol escaldante do sertão?

Sabe o que é beber água de pote?

Você já viu a escuridão ou o luar da caatinga, o fogão a lenha, os galhos retorcidos das árvores em tempo de seca?

Já viu o verde, quando Deus manda chuva para alegrar o sertanejo?

Já ouviu a conversa despretensiosa do sertanejo, os “causos” que ele conta? 

Sabe como é bom tomar banho nas águas barrentas do Riacho da Várzea, que serpenteia devagar, em direção ao São Francisco e nem sempre suas águas chegam lá, porque vão se perdendo na secura do tempo?

Sabe o que é beber água salobra de cacimba, em tempo de seca, dividindo o espaço com abelhas e sapos, sentir-se bem com isso e ainda agradecer a Deus?

Já descansou à sombra de um juazeiro?

Sabe o que é assistir ao espetáculo de caprinos e ovinos berrando em volta do chiqueiro ao anoitecer?

Você já viu a lua na caatinga? As estrelas, o cantar dos pássaros noturnos, o coaxar dos sapos?

Você já viu o sol escaldante da caatinga? Já viu o nascer do sol e o crepúsculo na caatinga?   

Sabe o que é nascer e ser criado num universo imenso como as caatingas de Curaçá e Chorrochó, onde se faz história de tudo, até do sofrimento de sua gente?

Sabe o que é orgulhar-se até do desespero dos desamparados naquele mundão?

Sabe o que é lembrar as lágrimas – e foram tantas – de nossos antepassados? Sabe como um povo consegue ser tão forte, embora em meio a tanto sofrimento e, não obstante, sempre vive alegre e espirituoso?

Tudo isto é muito orgulho, que às vezes fica querendo saltar do peito em direção ao mundo.

Tudo isto é muita honra e honra maior é dizer: sou filho de Patamuté.

Os lugares de minha aldeia são muitos, inúmeros, inesquecíveis: os riachos, as estradas, a caatinga, os umbuzeiros, a sombra das árvores, o xique-xique, o mandacaru, a terra quente, as candeias de Patamuté, a pobreza da casa de taipa onde nasci, o cenário do sofrimento e o amor que tenho por lá, que nunca saiu de lá, mas continua me acompanhando onde vou.

Ilustro esta crônica com a imagem da casa onde nasci.

Lá sofri, sorri, chorei, sonhei.

Lá o tempo conserva minhas raízes.

Lá aprendi a ter esperança e acreditar no nascer da aurora e na perspectiva de novos horizontes.

Lá foi minha melhor escola de humildade, conheci minha pequenez e minhas limitações e aprendi a inutilidade da arrogância.

Lá iniciei os primeiros passos em direção ao desconhecido.

Continuo andando, sorrindo, chorando, sofrendo, tropeçando, caindo e ainda sonhando.

araujo-costa@uol.com.br