Conversa de parabenizar

De começo, lembro a data, 30 de outubro, aniversário de Jorge Jazon.

Jorge Jazon e Deniz Menezes/Álbum da família

Esta minha referência ao aniversário de Jorge Jazon, que já passou, daria para encher (e talvez dê) meu mundo de admiração por ele.

O desleixo pelo atraso faz parte de meus atributos de relapso, que beiram à gafe e os amigos mais próximos suportam, de modo que não sou chegado a formalidades, mas a considerações.

É por todos sabido que Jorge Jazon Cordeiro de Menezes dispensa apresentações. É muito conhecido, amado e reverenciado por amigos, familiares e conterrâneos aos quais me incluo.

Seu caráter é referência, modelo e luz para os jovens de hoje que pretendem ocupar lugar de decência e grandeza em qualquer tipo de sociedade e primar pela robustez da conduta.

Jorge Jazon vem de família tradicional de Chorrochó.

Professora Maria Ita de Menezes, a mãe/Álbum da família

As raízes seguras de Jorge Jazon ficam-se na estrutura familiar Menezes, Pacheco e Cordeiro, honra e glória do lugar e espécie de modelo cultural da sociedade local.

A mãe Maria Ita de Menezes, dentre outras qualificações, é professora, mestra na arte de ensinar, esteio da educação de Chorrochó, exemplo de algumas gerações.

O pai José Jazon de Menezes, também de família tradicional, foi serventuário da Justiça estadual da Bahia e um dos pilares da honradez da sociedade chorrochoense.

José Jazon de Menezes, o pai/Álbum da família

O ilustre aniversariante Jorge Jazon é casado com Deniz Reis dos Santos Menezes. Constituiu família bem estruturada e exemplar, educada nos moldes do bom proceder advindo dos berços materno e paterno.   

Declino de mencionar os títulos que Jorge Jazon ostenta, que são muitos e respeitáveis, mas incluo nestes parabéns minhas homenagens à professora Maria Ita de Menezes e a José Jazon de Menezes, in memoriam, referências exemplares que o aniversariante carrega.

Deixo afetuoso abraço e parabéns a Jorge Jazon.

araujo-costa@uol.com.br      

Corrupção desafia credibilidade do Judiciário

Os escândalos de venda de sentença no Judiciário deixaram de ser pontuais e passaram a ser  recorrentes.

É desanimador  o momento por que passa o Poder Judiciário.

Desanimador, mais ainda, é a sociedade submeter-se a essa degenerescência de setores do Judiciário que têm o dever de assegurar o Direito e a Justiça a todos.

A sociedade paga caro para o Poder Judiciário funcionar conforme mandam a lei e a moral e não para sustentar desvios morais de alguns de seus membros.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou cinco desembargadores do Mato Grosso do Sul, inclusive o presidente do Tribunal de Justiça, acusados de lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas.

A Polícia Federal apreendeu R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo na casa de um desembargador que havia se aposentado no último mês de junho do corrente ano. A imagem que a imprensa publicou é deprimente.

Como se não bastasse esse escândalo de Mato Grosso do Sul, a Polícia Federal investiga a venda de sentença no próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Conhecido nos meios jurídicos como o “tribunal da cidadania”, o Superior Tribunal de Justiça foi criado pela Constituição de 1988.

A cidadania precisa ficar mais atenta como andam as tarefas do Tribunal.  

No STJ gabinetes de pelo menos cinco ministros estão sendo investigados  pelo envolvimento no comércio de sentenças. As investigações ainda estão em andamento.

Há um caso escabroso. A minuta de uma sentença foi entregue ao interessado na compra, meses antes de ser proferida a decisão judicial exatamente igual à minuta.

“Até a vírgula é igual”, disse o acusado de intermediar a compra da sentença, segundo as investigações (Veja, 04/10/2024, Edição 2913).

É inadmissível pensar, mesmo por hipótese, que ministros do STJ estejam envolvidos na venda de sentenças.

Entretanto, isto comporta uma conjectura plausível. Das duas, uma: ou as sentenças são redigidas pelos auxiliares e os magistrados somente assinam ou tais sentenças são proferidas atabalhoadamente, sem nenhum controle com a verdade dos autos.

Não pode haver outra explicação que justifique que gabinetes de ministros vendam decisões judiciais ao sabor da vontade do comprador, ajustando-as aos seus interesses.

A Bahia é um dos estados onde o Tribunal de Justiça passou por casos humilhantes há alguns anos. Desembargadores acusados de venda de decisões judiciais foram afastados de suas funções judicantes.

Tribunal de Justiça da Bahia/Divulgação CNJ

Em data recente, duas desembargadoras do Tribunal de Justiça da Bahia se tornaram rés e juízes de comarcas do sul do Estado foram afastados por suspeitas de envolvimento em irregularidades fundiárias.  

Em julho último, a Corregedoria do Conselho Nacional e Justiça (CNJ) determinou nova investigação no Tribunal de Justiça da Bahia, porque, segundo o corregedor, há “gravíssimos achados”.      

Como se vê, o Poder Judiciário precisa ficar mais atento ao que acontece em suas entranhas.

araujo-costa@uol.com.br

José Dirceu está livre

“Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos” (Stanislaw Ponte Preta, jornalista e escritor carioca, 1923-1968)

O Supremo Tribunal Federal anulou todas as condenações de José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-ministro da Casa Civil de Lula da Silva e um dos esteios mais firmes do Partido dos Trabalhadores (PT).

Não há novidade nisto. Já era esperado.

Ex-Ministro petista José Dirceu/Crédito Rádio Tupi

O STF já havia anulado os processos de Lula da Silva e de outros mandachuvas da elite, políticos, grandes empresários, inclusive das antigas Odebrecht e OAS, que lastrearam as condenações de Lula, depois anuladas pelo Poder Judiciário.

Difícil a sociedade ou parte dela entender essas decisões judiciais, considerando que não se vê a Justiça anular processos instaurados contra pobres, desamparados, famintos e pessoas sem voz e sem dinheiro para pagar advogados.  

Numa dessas condenações anuladas, José Dirceu havia sido condenado a 23 anos e três meses de prisão por ter recebido R$ 15 milhões em propinas pagas pela Construtora Engevix, tendo como origem cinco contratos firmados com a Petrobras.

O político petista foi acusado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

José Dirceu estava inelegível. Agora, livre das condenações, adquiriu a condição de ficha limpa e certamente sairá candidato do PT nas eleições de 2026 e será um dos representantes dos paulistas na Câmara dos Deputados.

Atualíssima a frase de Stanislaw Ponte Preta.

araujo-costa@uol.com.br

São Paulo derrota Boulos e confirma sensatez do eleitor paulistano

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), candidato de Lula da Silva, foi severamente defenestrado do sonho de ser prefeito de São Paulo, por enquanto.

Com mais de um milhão de votos de diferença, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito com 59,35% dos votos válidos.

O radicalismo de Boulos esbarrou na sensatez do eleitor paulistano.

Em 2020, Boulos teve 40,65% dos votos válidos e perdeu para Bruno Covas; em 2024, teve 40,62% dos votos válidos. Igual. Isto é o que cientistas políticos e entendidos em pesquisas chamam de teto, ou seja, Boulos não consegue atingir votação maior, mesmo despejando muito dinheiro em campanha.   

O orçamento da campanha de Boulos em 2020 era R$ 7,6 milhões. Nesta de 2024, R$ 81,2 milhões.

Como se vê, o problema de Guilherme Boulos não é falta de dinheiro. É falta de votos.

A campanha de Boulos fez algumas patacoadas. Talvez a mais patética tenha sido a alteração da letra do Hino Nacional para linguagem neutra, uma idiotice sem noção agasalhada pela assessoria do candidato.

O Hino Nacional foi cantado, em linguagem neutra, durante evento com o presidente Lula da Silva. Lula certamente não notou e, se notou, não deve ter concordado com a imbecilidade da alteração da letra.   

Convenhamos, alterar a letra do Hino Nacional, símbolo imutável da Pátria, chega a ser um escárnio sem tamanho, despreparo, falta de grandeza quanto à observância dos valores da Pátria.

No domingo, 27/10, difícil foi suportar, após o resultado das urnas, os comentaristas da GloboNews tentando justificar o vexame eleitoral de Guilherme Boulos e minimizar a derrota de Lula da Silva em São Paulo.

Há um tempo em que o jornalista precisa escolher entre a militância política e o jornalismo sério. Esse tempo ainda não chegou no Grupo Globo.

Exemplos de derrotas mais expressivas do PT nestas eleições de 2024:

Em Diadema, reduto histórico do PT, o atual prefeito Filippi Júnior, fragorosamente derrotado, governou o município por três mandatos e exerceu a respeitável função de tesoureiro nacional das campanhas presidenciais de Lula da Silva e de Dona Dilma Rousseff.

Em São Bernardo do Campo, berço político e sentimental de Lula da Silva, o deputado estadual Luiz Fernando, candidato petista, sequer alcançou o segundo turno. Amargou um distante terceiro lugar.

No município de Araraquara, o atual prefeito Edinho Silva, que já exerceu quatro mandatos, também derrotado, é das relações pessoais de Lula da Silva e foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social  de Dona Dilma Rousseff.

Em Porto Alegre, a deputada federal Maria do Rosário perdeu a eleição para o atual prefeito que se reelegeu com estrondosa diferença.

O PT também perdeu a eleição em Natal. O estado potiguar é governado pela pedagoga petista Fátima Bezerra.

Todavia, o PT ganhou nalguns centros respeitáveis: Camaçari (BA), base sindical dos ex-governadores Jaques Wagner e Rui Costa e em Fortaleza (CE), reduto tradicional petista.

A derrota de Lula da Silva e do PT nessas eleições municipais de 2024 não significa vitória do ex-presidente Bolsonaro, que também foi derrotado nalguns centros urbanos a exemplo de João Pessoa e Goiânia.

Mas significa que a chamada direita avançou, inclusive no Nordeste e fragilizou o protagonismo lulopetista em capitais da Região, a exemplo de Aracaju. Isto retrata o cansaço de parte da sociedade com os métodos e mesmices adotados pelos governos do PT.

Em tempo:

Neste segundo turno, Lula da Silva não votou em São Bernardo do Campo, por recomendação médica. Lula vota no Colégio Dr. João Firmino Correia de Araújo, vizinho à casa em que ele morava quando era pobre e de lá saiu preso pelo DOPS no tempo da ditadura.

Manhã de 19 de abril de 1980, pouco antes das 6 horas, duas Veraneios C14 com 8 agentes armados com metralhadores levaram Lula preso para a cela do temível Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Já se vão mais de 44 anos.

Tempo de atrocidade, o amigo frei Betto estava na casa de Lula. Dormiu lá e acordou Lula para atender os policiais.

– Vai tranquilo que eu cuido da tua casa.

Frei Betto continua amigo de Lula. Grande lição de amizade.   

araujo-costa@uol.com.br

O  defeito mais grave do PT é ser PT

É possível que qualquer estudante primeiranista de ensino fundamental tenha conhecimento de que cabe aos Estados federados e, por óbvio, aos governadores, cuidarem da segurança pública e não aos prefeitos.

É atribuição prevista em lei.

O deputado Jorge Solla (PT-BA), lulopetista radical, conhecido por suas falas e discursos virulentos e sem noção, numa discussão estéril com ACM Neto (União Brasil), através da imprensa, disse o seguinte sobre a violência na Bahia:  

“O ex-prefeito bolsonarista esqueceu de mencionar que as cidades mais violentas da Bahia e que enfrentam sérios problemas com o tráfico de drogas são justamente aquelas governadas pelo União Brasil ou por seus aliados”.

O deputado Jorge Solla foi além em seu delírio ideológico:

“Além de Salvador, que figura entre as capitais mais violentas do país e onde ACM Neto foi prefeito, elegendo seu sucessor, Bruno Reis, outras cidades baianas sob gestão do União Brasil ou de aliados também estão entre as mais perigosas. Entre elas estão Eunápolis, Feira de Santana, Simões Filho, Luís Eduardo Magalhães e Santo Antônio de Jesus”.

Está no site do PT-Bahia, ninguém me contou.

Ou seja, segundo Sua Excelência, o problema da violência na Bahia é da oposição e não do PT que governa o Estado desde 01/01/2007 ininterruptamente por 17 anos e tem atribuição legal de cuidar da segurança pública.  

O cerne do comentário é a disputa pela Prefeitura de Camaçari. O candidato do PT deve ganhar lá.

O deputado Jorge Solla sabe que está misturando alhos com bugalhos e sabe que a segurança pública não é assunto de competência dos prefeitos.

Mas, como disse Dona Dilma Rousseff, para ganhar eleição, o PT faz “aliança até com o diabo”.

Então, diante disto, uma acusação qualquer sem sentido, como essa do deputado, não faz mal, exceto aos ouvidos de quem sabe que a verdade é outra.      

É assim que o PT faz política, sendo PT em sua essência: procurando culpado para seus erros.

O erro mais grave do PT é ser PT.

Post scriptum:

O União Brasil faz parte do governo de Lula da Silva. Salvo engano, tem três ministros lá: Celso Sabino (Turismo), Juscelino Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), este último indicado pelo senador Davi Alcolumbre.

O deputado Jorge Solla silenciou quanto a isto.

araujo-costa@uol.com.br

O susto do cronista

Andava eu por uma rua um tanto deserta, cantando O canto da ema e lembrando do maranhense João do Vale e do paraibano Jackson do Pandeiro, intérprete de Forró em Limoeiro e outros clássicos da cultura do Nordeste.

Tenho mania de falar sozinho em qualquer lugar. Acho até reprovável e feio. Mas, neste caso, não falava, cantava.  

Os defensores do “politicamente correto” dificultam nossa vida. Convém ficar cauteloso e, mais do que isto, esperto. Evita cair em qualquer esparrela.

Quando eu cantava a parte de O  canto da ema que diz “vem morena, vem morena me beijar”, uma moça morena vinha em sentido contrário, equilibrando-se entre um perigo e outro da calçada e resolveu falar comigo.

Imaginei que tivesse caído nas malhas do “politicamente correto” e ela ia me acusar de atrevido, saliente e outras coisas mais, por causa do “vem morena, vem morena me beijar”.   

Afinal, não fica bem a um velho septuagenário, feio e de cabelos brancos, sair andando por aí pedindo beijos de morena. Além de inconveniente, chega a ser ridículo e reprovável.

Mas não é o meu caso. Não me separo do meu semancol.

Hoje, no tempo do “politicamente correto”, até dizer bom dia para desconhecido chega a ser perigoso. Não se deve mais elogiar ninguém, mesmo conhecido. Daí pode surgir uma mal interpretação. Não é bom ser educado nos dias de hoje.

Todavia, a moça era muito educada e parou simplesmente para dizer: “Meu pai gostava muito desta música!”. E continuou o caminho dela e eu o meu.

Nada fiquei sabendo do pai dela, que presumo nordestino, nem me interessei saber.

O susto passou e fiquei aliviado.

araujo-costa@uol.com.br

Santuário de Patamuté

Pórtico da Gruta de Patamuté, em Curaçá – Bahia/Crédito Frei Valdevan Correia

A Gruta de Patamuté começou a despontar como referência religiosa em 1903, quando, segundo João Mattos, “um erudito pregador e missionário católico, monsenhor Pedro Cavalcante Rocha, achou-a tão bela que nela terminou a Santa Missão que pregava em Patamuté”.

O cruzeiro do interior da Gruta foi colocado por esse dedicado missionário, como se ali estivesse fincando os primeiros andaimes para alicerçar a construção da fé em Patamuté.

Mais tarde, ainda segundo relato de João Mattos, “em 1905, o padre Manuel Félix de Moura, então vigário da freguesia, transferiu sua residência para a Gruta e nela implantou a devoção ao Sagrado Coração de Jesus”.

Foi o padre Manuel Félix que entronizou a imagem no altar da Gruta oferecida pelos habitantes de Patamuté e, sabe-se, iniciou as romarias ao Sagrado Coração de Jesus, que perduram até nossos dias.

Mas não se pode falar sobre os festejos da Gruta de Patamuté sem associá-los ao núcleo do distrito por inteiro, base da história local e ponto de apoio para as romarias que se realizam há mais de um século, mormente em primeiro de novembro, precedidas de alvorada, cantos e de muita alegria em louvor ao Sagrado Coração de Jesus.

O coronel Galdino Ferreira Matos (1840-1930), cujos restos mortais estão enterrados na Igreja de Patamuté, teve contribuição importante na construção da história religiosa do lugar.

Com os auspícios do coronel Galdino deram-se os primeiros passos para a construção da Igreja de Patamuté, isto por volta dos primeiros anos do Século XX, iniciando-se por lá a sincronia religiosa entre o distrito de Patamuté e a Gruta.

No distrito de Patamuté, o padroeiro Santo Antonio eleva-se altaneiro e excelso; na Gruta, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus faz-se viva a cada ano e atrai fiéis da região e de outros estados.

Peregrinos e devotos que têm a fé como sustentação do único alento da vida sertaneja acorrem anualmente à Gruta de Patamuté.

Anualmente, em 30 e 31 de outubro e 01 de novembro dá-se a romaria à Gruta de Patamuté.

A tradição católica comemora em 01 de novembro o Dia de Todos os Santos, data em que, na Gruta de Patamuté, os romeiros se reúnem, participam de missas e manifestações culturais, confessam-se diante dos sacerdotes e acendem velas para significar o pagamento de promessas ou pedido de graças.

Também já é tradição os ex-votos, objetos deixados pelos romeiros na Gruta que simbolizam agradecimento e fé.

Em outubro de 2016, por decreto do frei franciscano D. Carlos Alberto Breis Pereira, 4º Bispo da diocese de Juazeiro, a Gruta de Patamuté foi elevada à condição de Santuário Popular Sagrado Coração de Jesus.

D. Beto, como é conhecido, pertence à Ordem dos Frades Menores e atualmente é arcebispo de Maceió.

A estrutura de Santuário, embora precária, sinaliza que a tradição religiosa da Gruta se fortalece e sedimenta a construção da fé iniciada pelos pioneiros: monsenhor Pedro Cavalcante Rocha e padre Manuel Félix de Moura.

O Santuário Sagrado Coração de Jesus está sob orientação religiosa e coordenação do Frei Valdevan Correia de Barros, da Ordem dos Frades Menores Conventuais.   

Em tempo:

A linha principal deste artigo está amparada no livro Descripção Histórica e Geographica do Município de Curaçá, de autoria de João Mattos e em anotações esparsas de arquivo deste escrevinhador.

Essa descrição foi apresentada ao 5º Congresso Brasileiro de Geografia em setembro de 1916 e, como se sabe, depois publicada. O livro é um dos sustentáculos e referência da história de Curaçá.

araujo-costa@uol.com.br   

Memória de Chorrochó: Regina Luíza de Menezes

“Porque de feitos tais, por mais que diga, mais me há de ficar ainda por dizer.” (Luís de Camões, poeta português, 1524-1580)

O antigamente nunca se desvincula do agora.

Bem por isto – ou quase por isto – de quando em vez costumo bisbilhotar os meandros da história de Chorrochó e, neste mister, vivo consultando meus alfarrábios, embora não seja historiador, mas tão somente curioso, nada mais do que isto.

É uma forma de cutucar o tempo, trazer o antigamente para o agora,  embora de maneira pretensa e atormentado pela saudade do lugar e do sertão.

Entretanto, lembrei que há coisa melhor e mais rica para consultar do que minhas pobres e raquíticas anotações: o livro História de Chorrochó, de autoria da professora Neusa Maria Rios Menezes de Menezes e do Dr. Francisco Afonso de Menezes.

Lá tem tudo sobre Regina Luíza de Menezes.

A admirada e memorável Regina Luíza de Menezes foi Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais da comarca de Chorrochó. Ingressou nesse ofício em 1951, bem antes da comarca.

Regina Luíza de Menezes/Arquivo Ivone Menezes Carvalho

Adveio a instalação da comarca de Chorrochó em 1967 e ela continuou no comando do Cartório ao tempo do Dr. Olinto Lopes Galvão Filho, primeiro juiz titular e juízes subsequentes.

Regina Luíza de Menezes nasceu em 19/09/1919, filha de Maria Luíza do Nascimento Menezes e Sebastião Pacheco de Menezes. Foi aluna da professora Josepha Alventina de Menezes (hoje nome de escola na sede do município) e estudou também em Pesqueira, Pernambuco.

Regina Luíza de Menezes se casou em 1938 com José Pires Filho (Ioiô), sujeito valente, reputação ilibada, caráter inflexível e decência absoluta.

Cauteloso com as palavras, arredio, respeitador, atento, observador, Ioiô não abdicava de seus princípios de sertanejo defensor de sua honra.

José Pires Filho (Ioiô), arquivo professora Neusa Maria Rios Menezes de Menezes

Conheci ambos – Regina e Ioiô – na primeira metade da década de 1970 e também os ilustres e bem educados filhos José Claudionor de Menezes (Nonô), Antonio Bosco de Menezes e Maria Auxiliadora de Menezes (Dorinha).

José Claudionor de Menezes (Nonô) foi serventuário da Justiça de Chorrochó e, nesta condição, desempenhava a função de avaliador judicial, assim como seus colegas José Claudio de Menezes (Dedé de Juca) e Osvaldo Alves de Carvalho, pioneiros na história da comarca.

Aliás, no livro Dorotheu: caminho, lutas e esperanças, de autoria deste trôpego e titubeante escrevinhador, tem algumas referências a Nonô, precioso amigo naquela quadra do tempo. Sou grato, in memoriam, por sua convivência e amizade.

Político irrequieto e prestativo, Nonô foi vereador atuante em Chorrochó por cinco mandatos.

Aprendi com o retro aludido livro História de Chorrochó, que Regina Luíza de Menezes foi secretária do Apostolado da Oração, instituição religiosa fundada em 15/08/1915, fundamental na vida da Igreja de Chorrochó até os dias de hoje.

Regina Luíza de Menezes faleceu em 27/01/1993.

Em tempo:

Procurei – e não achei – nas publicações da Câmara Municipal de Chorrochó, talvez em razão de minha incompetência, quadros e/ou fotos dos vereadores do município que exerceram a presidência da Edilidade.

Também procurei no site da Prefeitura de Chorrochó – e não achei – talvez em razão de minha incompetência, fotos/quadros dos ex-prefeitos do município.

Essa é uma providência comum nos municípios que prezam sua história.

Longe de ser uma medida para enaltecer figuras públicas, isto significa uma forma de sedimentar os valores do município, mormente perante as gerações subsequentes e socorrer pesquisadores interessados na história do lugar.

Peço vênia à Câmara Municipal e à Prefeitura, se minha observação não procede.

araujo-costa@uol.com.br

Solidariedade a Lula da Silva

Críticas de acordo com a permissão do ambiente democrático não se devem misturar com momentos alheios à política.

Os antagonismos devem ser sadios, necessários, evidentes e manifestados, desde que feitos nos limites da civilidade política e da convivência responsável que a sociedade exige, independentemente de ideologias e coloração partidária.

O presidente Lula da Silva, de 78 anos, sofreu uma queda em casa e foi prontamente atendido pelos médicos. Seu estado de saúde não parece preocupante, conforme demonstrado no boletim médico divulgado pelo Hospital Sírio Libanês.

Isto, no entanto, por óbvio, alterou a agenda do presidente por recomendação médica.

Resta-nos desejar  pronta recuperação ao presidente da República para que o Brasil continue a andar sem percalços.

araujo-costa@uol.com.br

Política e retrato em preto e branco

Autor, foto de 1990

Quando eu era mais abestado do que hoje – continuo sendo – candidatei-me a vereador em São Bernardo do Campo.

O Partido da Reconstrução Nacional (PRN), através do qual disputei uma vaga na Câmara Municipal, vivia em estado de euforia coletiva, em razão da filiação do então “caçador de marajás” alagoano e candidato à presidência da República, Fernando Collor de Mello, que saiu vitorioso e a história é sobejamente conhecida.

As forças políticas que abrigavam minha candidatura respondiam pelo pomposo nome de União Democrática Cristã (UDC), embora de forças nada tivessem, até por uma questão lógica. Se forças fossem, eu teria sido eleito.

Minha plataforma de campanha cingia-se, basicamente, às seguintes áreas: educação, saúde, habitação e transporte.

Como se vê, faltava-me criatividade, porque esta é a plataforma de todos os candidatos em todos os tempos.

Utópico, eu pensava que seria possível consertar o mundo. Melhor, consertar os problemas do mundo de São Bernardo do Campo.

Ingenuidade não me faltava, mas sobrava idealismo. Entretanto, com os tropeços da vida, aprendi que político não tem idealismo. O idealismo de político hoje resume-se nos fundos: Fundo Partidário e Fundo Eleitoral.

Estamos em 2024. Em São Bernardo do Campo, tudo continua como dantes, com uma diferença abismal: piorou.

O município tem população estimada em 840.499 habitantes, com redundância e tudo, segundo últimos dados disponíveis. Imagine o tamanho dos problemas.

Interessante é que moro em São Bernardo do Campo há mais de quatro décadas e nunca fui entrevistado por um pesquisador do IBGE, mas o IBGE diz que eu faço parte desse número de habitantes.

Abandonei a política e os pilantras da política, logo depois da abertura das urnas, porque o dinheiro destinado à minha candidatura nunca chegou ao meu comitê e eu fiquei, com cara de galo, fazendo das tripas coração para sustentar minha campanha até chegar às urnas.

Aprendi com o escritor Carlos Heitor Cony (1926-2008) que a regra fundamental da arte de falar mal é esta: “Só fale mal dos ausentes, nunca dos presentes”. Então, estou amparado pela regra.

Amigos me ajudaram e destes nunca esqueço. Alguns conheci na campanha e ficaram ao meu lado e até insistiram para continuar na política.

Pressuponho que o dinheiro tenha ancorado no bolso dos espertos, como ainda hoje deve acontecer. E pressuposto é pressuposto, nada mais do que isto.

Embora estreante, tive boa votação, mas insuficiente para conquistar uma vaga na Câmara Municipal.

Quando lembro de minha derrota nas urnas, sempre recordo que, em 2016, o Partido dos Trabalhadores (PT) não conseguiu reeleger vereador o filho de Lula da Silva, que ocupava uma cadeira no Legislativo de São Bernardo do Campo.

O caso dele foi pior. O pai tinha sido presidente da República. Embora berço político de Lula da Silva, hoje o PT se derreteu em São Bernardo do Campo.  

O escritor Ernest Hemingway (1899-1961), autor do clássico Por quem os sinos dobram, dizia que “a luta pela sobrevivência confronta com os limites humanos”.

A luta pela sobrevivência política tem outro nome, independentemente dos limites humanos: esperteza.

Os políticos no Brasil lutam pela sobrevivência de sua fama e de seus próprios bolsos e dane-se o povo, danem-se as necessidades do povo, dane-se a miséria do povo, danem-se as ideias e os ideais de quem se atreve a querer o bem do povo.

Como não sou disto e nem concordo com isto, peguei meu boné de baiano e me escafedi em direção à luta difícil e honesta da vida.

Esta, sim, tem bons resultados, mesmo que nunca alcancemos os horizontes que sonhamos.

araujo-costa@uol.com.br