São Bernardo do Campo e o Brasil estão envergonhados

Um rapaz de São Bernardo do Campo aparece em vídeo gravado na Rússia e difundido em redes sociais, cantando e dizendo frases ofensivas às mulheres. Esse senhor é formado em jornalismo pela respeitada Universidade Metodista. Pode?

Um vereador de São Bernardo do Campo, ex-secretário de Gestão Ambiental na atual administração do município, teve a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça. A prisão decorre do desenrolar de uma acusação de corrupção atribuída ao vereador e investigada pela Polícia Federal. O homem, além de vereador, fazia parte da gestão que se propôs a acabar com os desmandos em São Bernardo do Campo. Pode?

Ser acusado não significa definição de culpa. Mas há indícios.

Como se vê, os mentecaptos estão se proliferando.

São Bernardo do Campo está com vergonha. O Brasil está com vergonha

Os militares e as eleições de outubro.

 

Carlos Castelo Branco (1920-1993), ícone do jornalismo político, que foi secretário de imprensa do presidente Jânio Quadros e membro da Academia Brasileira de Letras, dizia que “a ansiedade pânica é a matéria-prima dos radicais”.

Vimos isto em 1964 e nos anos da ditadura. As lembranças não são boas.

Agora os radicais estão saindo das tocas, evidente que não mais os mesmos em maioria, mas aqueloutros que os seguem, ansiosos para embaralhar o ambiente político.

Isto não é bom, como não foi em 1964 e tampouco nos anos subsequentes sob os governos militares.

O Brasil enveredou pelo caminho certo, superou percalços e ideias arrevesadas e amadureceu democraticamente. É bastante.

Com o aproximar das eleições de outubro de 2018 surgiram ecos confusos defendendo a volta dos militares ao poder da República, o que está sendo difundido em redes sociais, principalmente.

O equívoco é não dizer qual o caminho pretendido para exigir a volta dos militares.

Os militares podem ocupar espaços políticos, sim, mas através do voto popular. Há uma centena deles pré-candidatos ao Congresso Nacional, por exemplo.

O deputado federal e capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro quer disputar na condição de candidato para a presidência da República. Desponta, com destaque, nas pesquisas de intenção de voto.

O caminho está certo: o voto popular. O voto será sempre o caminho certo.

Bolsonaro é nacionalista e conservador, o que tem incomodado sobremaneira a esquerda, que implantou exageradamente o “politicamente correto” no Brasil, negligenciou o respeito aos símbolos nacionais, alienou jovens com discursos obscuros e até, em certos casos, deixou o Brasil de lado para endeusar-se a si própria. E ao assumir o poder furtou desbragadamente, libertinamente, indecorosamente.

O amadurecimento da democracia vem dificultando “a ansiedade pânica” dos radicais de esquerda, embora eles continuem armazenando “matéria-prima” para usá-la a qualquer tempo.

Tancredo Neves dizia que “quem deve brigar são as ideias e não os homens”. A esquerda não absorveu essa e outras sabedorias e anuvia o ambiente político desnecessariamente.  Um erro.

O certo é que o Brasil mudou. E o melhor caminho para os radicais será aquele em direção à sensatez e à obediência às instituições, por extensão, incluídos os órgãos do Poder Judiciário, Ministério Público e outros tantos que cuidam da regularidade do exercício da democracia.

As eleições de outubro vindouro trarão um cenário um pouco diferente dos anteriores, porque dele fazem parte militares atentos à situação do Brasil, mas com pensamento democrático, o que é um avanço significativo.

araujo-costa@uol.com.br

 

 

A outra utilidade da panela

Na Bahia, o deputado Geddel Vieira Lima (MDB) guardava R$ 51 milhões de reais num apartamento, em dinheiro vivo. O homem foi vice-presidente da Caixa Econômica Federal e, mesmo assim, não confiava no banco. Nem em outros bancos. Preferiu guardar o dinheiro em casa. É mais seguro.

Em Mauá, simpático município encravado no ABC paulista, o prefeito acondicionava grande quantidade de dinheiro em panelas. Passou aproximadamente um mês no xilindró por conta disto, mas o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, entendeu que guardar dinheiro em panelas não é crime – e parece que não é mesmo – e mandou soltar sua Excelência.

Crime é se esse dinheiro tem procedência nos cofres públicos o que, no caso do prefeito de Mauá, ainda não está provado. Parece somente uma questão de precaução. O prefeito não confia em bancos, mas em suas panelas. Só isto.

A Polícia Federal entende que o dinheiro foi surrupiado dos pratos das crianças de Mauá e provém de merenda escolar. Uma insensatez, se for verdade.

Na mesma linha de raciocínio do baiano e cuidadoso Geddel, o paulista prefeito de Mauá também não confia na rede bancária e prefere guardar o dinheiro em sua cozinha, dentro de panelas. Pelo menos fica de olho nele. É mais seguro.

Em São Bernardo do Campo, também no ABC paulista, o ex-presidente Lula da Silva preferiu lavar dinheiro público, não em panelas, mas em sofisticadas propriedades. A Justiça e o sistema financeiro chamam isto de branqueamento de capitais. Expressão bonita, mas perigosa.

Isto é o que dizem as autoridades – Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário – mas Lula da Silva nega tudo e quem sou eu para dizer que ele é culpado? Ele diz que é inocente. Então, deve ser.

Há muita coisa para acontecer ainda, inclusive a previsível soltura de Lula da Silva no vindouro dia 26 de junho ou próximo disto. Ele deve ser solto, porque a prisão em segunda instância é uma aberração contra a Constituição Federal.

Contudo, o STF construiu um entendimento de que a confirmação da sentença penal condenatória em segundo grau de jurisdição autoriza a levar o condenado para a cadeia, mesmo que ainda existam recursos pendentes de julgamento.

Não é somente Lula da Silva que está nessa situação vexatória. Só em São Paulo, o Tribunal de Justiça expediu 13.887 mandados de prisão entre fevereiro de 2016 e abril de 2018, também por conta desse entendimento, mas o Partido dos Trabalhadores (PT) e aliados, que tanto defendem a liberdade de Lula, não se manifestam em favor desses presos, por uma razão muito simples: eles não votarão nas próximas eleições. Então, podem ficar mofando na cadeia.

Lula da Silva é o único aposentado do INSS que ficou rico no Brasil. O homem é exímio administrador do dinheiro de sua aposentadoria, coisa que os demais brasileiros aposentados não sabem fazer. É esta extraordinária e gigantesca capacidade de administrador que está prejudicando Lula da Silva.

Quanto à panela, nesses tempos modernos, ela também passou a ter outra utililidade: cofre.

araujo-costa@uol.com.br

Bahia: o PT está atrapalhando o PT

Há uma frase atribuída ao governador Otávio Mangabeira, considerado o “filósofo da baianidade”, que parece estar em alta: “Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente”.

A Bahia é um dos estados em que o PT vai bem, com alvissareiras expectativas de êxito eleitoral nas urnas, tudo por conta da atuação de Jaques Wagner, que respira política o tempo todo e tendo em vista a incapacidade de articulação dos seguidores do carlismo, que está se esvaindo.

Contudo, há um quiproquó: o governador Rui Costa, pré-candidato à reeleição, trabalha na composição de sua chapa e pretende deixar de fora a senadora Lídice da Mata, aliada histórica do PT na Bahia, em favor do deputado estadual Ângelo Coronel.

Este senhor Coronel vem a ser o presidente da Assembléia Legislativa e faz parte do grupo do senador Otto Alencar.

O governador diz – e parece que acertadamente – que na formação da chapa vai considerar as peculiaridades locais da Bahia e, neste caso, a senadora Lídice não teria espaço, já que a outra vaga ao Senado da República é destinada ao cacique carioca e chefe político de Rui, Jaques Wagner, que tem eleição garantida, salvo se as águas que estão passando por baixa da ponte até as eleições de outubro o arrastarem para as caudalosas surpresas da Lava Jato.

Dentro do PT há um movimento para Jaques Wagner abrir mão da candidatura ao Senado e disputar a presidência da República em substituição a Lula da Silva, que dificilmente terá sua candidatura acolhida pela Justiça Eleitoral, em razão da Lei da Ficha Limpa, exceto uma situação de disputa sub judice, o que é possível.

Todavia, Jaques Wagner parece não estar disposto a abandonar a expectativa de oito anos de mandato no Senado para se dedicar à difícil tarefa de recolher as cinzas políticas de Lula da Silva, não obstante amigos.

É uma aventura, uma temeridade. Deixar o certo pelo duvidoso não parece ser a tradição política do ex-governador baiano.

Todavia, o quiproquó é o seguinte: a presidente nacional do PT, senadora paranaense Gleisi Hoffmann, que entende tudo de radicalismo e nada de política séria, não aceita que a senadora Lídice da Mata seja afastada da chapa majoritária de Rui Costa e insiste em meter o bedelho nas costuras políticas do governador. Até – dizem – Gleisi já gravou vídeos em apoio à candidatura de Lídice, o que não deve ser bom para a senadora baiana.

O destrambelhamento da senadora paranaense pode atrapalhar o PT da Bahia. Gleisi articula mal, mistura alhos com bugalhos e carrega uma agravante nas costas: é politicamente muito confusa.

Em Tocantins, a senadora Kátia Abreu que disputava a governadoria em eleição suplementar, ocupava um folgado primeiro lugar em todas as pesquisas de opinião. Bastou Gleisi Hoffmann gravar um vídeo em apoio a Kátia para a situação degringolar.

Abertas as urnas, Kátia Abreu amargou um mísero quarto lugar. E se escondeu, não se sabe se com vergonha, em razão da derrota inesperada ou para não se encontrar com a senadora Gleisi.

Como se vê, parece não ser recomendável que a presidente nacional do PT tente atrapalhar as costuras do governador Rui Costa. O PT pode se enroscar nas linhas de sua costura e atrapalhar o próprio desempenho eleitoral no estado.

Rui Costa tem um professor de política: Jaques Wagner. E a senadora Gleisi Hoffmann passou longe dessa sala de aula.

Como dizia Otávio Mangabeira, a Bahia tem precedente em todos os absurdos.

Colocar em risco composições políticas seguras feitas por Rui Costa e Jaques Wagner, para atender Gleisi Hoffmann, pode caracterizar um desses absurdos.

Quanto à senadora Lídice da Mata, sua história não será arranhada se, eventualmente, ficar fora dessa chapa majoritária de Rui Costa.

araujo-costa@uol.com.br

Mentiras e invenções

Desde jovem, sempre fui cauteloso e intransigente no que diz respeito à intromissão em assuntos pessoais dos outros. Quero dizer, a privacidade de cada um é um bem inviolável e protegido por disposição constitucional.

Ninguém tem o direito de escarafunchar ou intrometer-se na privacidade de outrem. Isto vale pra todos, sem exceção.

Todavia, de quando em vez, aparecem supostos pesquisadores, curiosos, bisbilhoteiros, fofoqueiros e outras figuras mais, todos ávidos para saber detalhes da vida dos outros.

O passado nada mais é do que a soma de muitos e constantes agoras e, neste contexto, há pessoas que se interessam em saber como éramos no passado, como somos hoje e até o que pretendemos ser no futuro. Sempre com uma pitada de maldade. Tirante a maldade, nada há de estranho nisto. O diabo é acrescentar o sórdido, o asqueroso, a torpeza.

Levanto cedo, porque comumente passo as madrugadas acordado, conversando com a insônia. E chego cedo ao meu local de trabalho, chova ou faça sol. Faz tempo que é assim.

O pesquisador também chegou cedo. Queria saber o significado de uma frase que eu teria dito: “noventa por cento do que escrevo é mentira. Só dez por cento é invenção”.

Deixei-o desapontado de pronto. Disse-lhe que a frase não é minha, nunca foi minha e jamais será minha. É do poeta matogrossense Manoel de Barros e, conhecidíssima, consta em todas as publicações que falam da vida do escritor. Frase bonita, poética, emblemática, talvez um “chega pra lá” nos intrometidos perguntadores.

Ele insistiu, questionou, titubeou: “mas você disse esta frase há pouco tempo, que eu sei”. E daí? Ponderei que, se disse, foi a título tão-somente de citação inserida noutro contexto que não a autoria e com o cuidado de declinar o nome do autor e se escrevi, o que também não lembro, tive igual cuidado de colocá-la entre aspas.

As citações são naturais, comuns, permitidas, desde que creditadas aos seus autores.  É a técnica, é a regra, é a ética, é a decência.

O pesquisador pretendia colocar uma cilada em meu caminho, espalhando-a no ventilador da irresponsabilidade. Ele sabia que a frase não é minha, mas, talvez por falta do que fazer, mente vazia, queria publicar alguma matéria confusa, sabe-se lá onde, no mínimo polêmica, problemática, altamente discutível.

Não foi desta vez, entretanto. Nem será noutra.

O escritor Jorge Amado contava que quando Sonia Braga foi escolhida para viver a personagem Gabriela na televisão, foi-lhe apresentada na casa do Rio Vermelho, em Salvador. Ele não a conhecia, nunca tinha visto e, portanto, a escolha não tinha sido dele, mas dos responsáveis pela novela.

Reunidos todos, antes de Sonia Braga chegar, um repórter de São Paulo presente à reunião, maliciosamente portando uma revista na qual a atriz tinha posado, perguntou maldoso: “por que você escolheu Sônia Braga?”. Esperto, Jorge Amado percebeu a malandragem: “escolhi porque ela é minha amante”. Instantes depois a atriz chegava e Jorge foi logo dizendo: “muito prazer Sônia, somos amantes. Sabia?”

As maldades andam por aí, em tudo quanto é lugar. O que dá audiência em televisão, redes sociais, mídia em geral e permite venda de jornais é a vida privada dos outros, suas fraquezas, inclusive. Então, a privacidade das pessoas às vezes é invadida, acintosa e desnecessariamente, extraindo dela o combustível para o sensacionalismo.

Até hoje não sei como alguém pode deliciar-se com a miséria dos outros.  É sádico valer-se de falhas, deslizes e até de fatos casuais, involuntários ou não, na vida de uma pessoa, para escancará-la diante de todos.

O trilho por onde passa a condução da ética está avariado. Precisa de cuidados.

araujo-costa@uol.com.br

 

 

Brasil provisório: o sono do governo

1. Apesar das constantes crises, tem muita gente dormindo no governo. O Palácio do Planalto vai adquirir 100 colchões de solteiro para a segurança presidencial. Os agentes estão com muito sono, pelo jeito.

Parece que a segurança do presidente Temer anda mesmo dormindo muito, tanto que o dono da JBS entrou na residência oficial do presidente, tarde da noite, com uma geringonça e gravou toda a conversa suspeita e cabeluda com Sua Excelência, sem ser incomodado.

Parece piada, mas não é. Se fosse um país sério, a segurança presidencial teria sido responsabilizada. Autorizar a entrada do executivo à residência oficial tudo bem, mas daí a gravar a conversa com o presidente da República vai uma grande distância. É incompreensível, inexplicável, assustador.

O ocorrido parece mais uma conspiração mal engendrada do que uma falha da segurança presidencial. Beira ao ridículo.

2. A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) não conseguiu detectar a ruidosa movimentação preliminar dos caminhoneiros para parar o Brasil. Aliás, feita às escâncaras.

O governo foi alcançado de surpresa. Pior: atabalhoado, não sabia com quem negociar. Continua não sabendo e a situação não está resolvida, com sério risco de nova paralisação dos caminhoneiros.

O serviço de inteligência do governo vai mal, muito mal. Um serviço secreto desses precisa mesmo é de muita cama pra dormir.

3. O presidente Michel Temer anda às voltas com crises, problemas pessoais, investigações, base parlamentar esfacelada, amigos presos e outros na iminência de serem trancafiados. Só não cai porque não tem para onde mais cair. Seu governo já não existe, o que dele resta vai-se capengando até 31 de dezembro.

4. O preço dos combustíveis deve fazer parte de uma política estratégica e perene em benefício do Brasil. O petróleo é brasileiro. Mas governo e Petrobras definem tudo provisoriamente, quando surgem os problemas, sempre de acordo com as regras do mercado internacional, em defesa de investidores externos.

5. A partir de janeiro de 2019 o Brasil vai piorar, se é que o despenhadeiro ainda terá espaço para coisas piores. Basta analisar os pré-candidatos que pretendem disputar a eleição presidencial. Um é pior do que o outro. Qualquer um deles que ganhar não terá credibilidade para mudar o Brasil. É uma excrescência só.
O Brasil, como sempre, continua provisório.

araujo-costa@uol.com.br

 

Estão sacaneando Lula da Silva

Alguns setores da imprensa, mais por gozação do que por maldade, estão sacaneando Lula da Silva.

Houve eleição suplementar no estado do Tocantins. A senadora Kátia Abreu, que conheceu dona Dilma Rousseff na presidência da República e, inesperadamente, passou a ser amiga da presidente “desde a infância”, concorreu ao cargo para a governadoria.

Kátia Abreu estava em primeiro lugar nas pesquisas, longe, muito longe, de todos os concorrentes, com chance até de ser eleita em primeiro turno, segundo as pesquisas.


A senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, gravou um vídeo e leu uma carta do ex-presidente Lula da Silva dando total apoio eleitoral à senadora Kátia Abreu, porque, segundo Lula e Gleisi, Kátia Abreu é amiga de dona Dilma e, por isto, merecia a vitória. E seria as mãos do PT no Tocantins, conforme a pretensão da senadora Gleisi.


Pois bem. Abriram-se as urnas. A senadora Kátia Abreu ficou em quarto lugar e, consequentemente, não teve chance de disputar sequer o segundo turno. Uma derrota acachapante.


Dizem as más línguas – e as boas também – que Lula presidiário e Gleisi Hoffmann falando asneiras, é melhor ser inimigo político de ambos do que aliado. A chance de ser eleito é maior. Sacanagem de parte da imprensa. Não é bem assim. A senadora Kátia Abreu não teve sorte.


araujo-costa@uol.com.br

 

Chorrochó e a ruína de suas tradições.

“As tradições são o passado que se faz presente e tem a virtude de se fazer futuro” (Tobias Barreto, 1839-1889).

A frase do filósofo e jurista sergipano Tobias Barreto parece não se aplicar ao município baiano de Chorrochó.

Limito-me a um exemplo, dentre outros, muitos, inúmeros: o abandono do prédio histórico da Prefeitura Municipal.

Entendo histórico, porque foi a primeira edificação que espelhou o coroamento da luta pela emancipação político-administrativa, porquanto lá se instalou e funcionou a sede da Prefeitura por algumas décadas.

Entretanto, Chorrochó vem se descuidando de seu passado, demonstra negligência quanto ao presente e, sobretudo, não parece vislumbrar o futuro.

A julgar pelo andar da carruagem, a história de Chorrochó, equivocadamente, não vem sendo construída sobre os alicerces seguros de suas tradições.

Evidencia-se ausência de cuidados no que tange à essência dos valores culturais e históricos do município, o que não é bom.

Em quadro assim, parece razoável entender que a história do município de Chorrochó está assentada sobre a ruína de suas tradições, de resto fragilizadas pelo descaso constante de seguidas administrações.

Cuidar do bem público não é conservadorismo. É um dever do município. Isto não significa deixar de priorizar coisas novas, mas manter o liame estrutural entre o passado e a evolução social de sua gente.

Evidente que o município deve construir novas edificações, viabilizar espaços e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população, o que é louvável e, mais do que isto, necessário. Contudo, abandonar parte do patrimônio histórico é inaceitável, incompreensível, estúpido.

O estado de abandono em que se acha o antigo prédio da Prefeitura de Chorrochó não encontra amparo plausível em nenhuma justificativa eventualmente colocada pelas recentes administrações municipais.

Difícil não interpretar como descaso, negligência, desatenção.

Informações dão conta de que, ao longo das últimas administrações, as imediações do prédio serviram até, em certo tempo, de local propício para acúmulo de lixo e atuação de vândalos. Situação degradante, estapafúrdia, inexplicável.

Não sou o primeiro a levantar essa questão do abandono do prédio da Prefeitura. Outras pessoas já o fizeram com mais propriedade. Desta vez ocupo-me do assunto, ilustrando-o com imagens de arquivo.

Penitencio-me se a realidade for outra e se a atual administração de Chorrochó já mudou esse quadro deprimente.

Todavia, o que se tem notado em Chorrochó é a ruína de suas tradições.

Em tempo:

Deixo de atribuir crédito às fotos porque não consegui identificar o autor. Tratando-se de bem público, o crédito parece irrelevante. Mas o blog fará constar o crédito, se eventualmente instado a fazê-lo pelo autor das fotos.

Chorrochó

CHORROCHOO

araujo-costa@uol.com.br

 

 

Chorrochó e as redes sociais

Há algum tempo, não muito distante, dizia-se que o papel aceita tudo.  Escreviam-se impressões, pontos de vista, notícias, opiniões, et cetera.

Hoje, diferentemente, o mundo online inseriu outra realidade: tudo se vê em tempo real. Mas isto não significa que se deva aceitar tudo, cegamente, sem reservas.

As palavras sobrevoam o planeta instantaneamente. É difícil e até impossível recolhê-las, trazê-las de volta ao nosso arrependimento, à nossa pequenez, aos nossos impensados arroubos.

Conseguintemente, o que se escreve no papel pode ser mudado a qualquer tempo, ao passo que não pode ser mudado o que se diz no mundo virtual. Com exceção da retratação, da confissão de culpa, a mea culpa, do tardio arrependimento, nem sempre compreensível. Mas isto não é tudo, não pode ser tudo.

Os grupos de WhatsApp se transformaram em verdadeiras armadilhas. O que assusta é a disseminação de ofensas, de acusações, de discussões estéreis. As pessoas estão se acusando, tomando as dores de outras, mormente de políticos, de gestores, de governantes.

Está faltando sensatez, discernimento, delicadeza, compreensão.

Tenho notado que, em Chorrochó, pessoas que participam de grupos em redes sociais vêm se mostrando agressivas, impacientes e intolerantes com a opinião dos outros, o que é incompatível com a convivência democrática que todos desejamos.

Calma, pessoal! Chorrochó precisa ser visto como ambiente de todos nós. Os políticos, as administrações, os gestores e os mandatos passam, mas a terra é de todos nós, tanto dos filhos quanto daqueles que a adotaram como sua.  E aí, nada melhor do que a convivência sadia entre todos.

O fanatismo idiota e burro não leva a nada. Sejamos todos flexíveis ou, se isto não for possível, que sejamos, pelo menos, bons conviventes.

O cargo público eventualmente exercido deve ser atividade institucional digna, sem necessidade de misturar as coisas, se concursado ou em comissão, independentemente da instituição ou político que o concedeu.

Toda função é digna, mesmo que resultado de apadrinhamento político, o que não significa passaporte para ofender quem dela discorde.

araujo-costa@uol.com.br

Os caminhoneiros, a ABIN e a fraqueza do governo Temer.

Qualquer governo que não tem um sistema de inteligência eficiente é perigosamente vulnerável.  Assim é o governo Temer.

A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) se mostrou incapaz de informar o presidente da República sobre a pulverização da manifestação horizontal dos caminhoneiros, fato que o deixou sem meios de debelar a crise com a rapidez necessária.

Quando o governo tentou entabular o primeiro acordo com os caminhoneiros o fez atabalhoadamente, sem base, sem conhecimento da extensão do movimento e das lideranças com as quais devia tratar.

Ainda é visível o estado de desinformação dos ministros encarregados de negociar com os caminhoneiros.

Deu no que deu. A primeira tentativa de acordo subiu ao telhado. E o governo teve que se agachar diante dos grevistas, até porque eles estavam ou estão razoavelmente certos.

O antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e suas Divisões de Segurança e Informações (DSI) espalhadas em todos os órgãos governamentais, que o presidente Fernando Collor extinguiu, atuavam com absoluta eficiência e, por isto, os governos da época agiam a tempo de evitar transtornos como o agora enfrentado pelo presidente Michel Temer.

Assustadora e perigosa a paralisação dos caminhoneiros. Em 1964, guardadas as devidas proporções, por menos caiu o presidente João Belchior Marques Goulart.

À semelhança de Temer, também vice, Jango assumiu o governo no bojo de uma crise que culminou com a renúncia de Jânio Quadros e a consequente vacância do cargo de presidente da República.

Fraco e inexperiente, Jango foi derrubado pelos militares e o resultado todos conhecemos, a escuridão que se fez sobre o Brasil durante vinte anos de ditadura.

Michel Temer, ao contrário, embora fraco, não corre o risco de ser ejetado do poder, por duas compreensíveis razões: nossa democracia está mais sólida e os militares têm mais o que fazer, que é cuidar de suas atribuições constitucionais. E mais, as eleições estão aí e as urnas trarão outras perspectivas, talvez melhores, espera-se.

O fato é que o presidente Michel Temer está espremido entre sua fraqueza e a ineficiência dos serviços de inteligência do governo, que não lhe passaram informações seguras sobre o perigo quanto à continuidade do movimento dos caminhoneiros.

Uma coisa é o Brasil andando mal. Outra é, diversamente, o Brasil parado.

Como um todo, a sociedade está sentindo os efeitos de um governo mal conduzido, ineficiente, negligente, risível.

A paralisação dos caminhoneiros criou caos assustador no Brasil. Entretanto, com um mérito: eles estão exercendo regularmente o direito de reivindicar, exigir, protestar.

Se houve ou está havendo exageros, cabe ao governo investigar e punir os culpados na forma da lei.  Mas – parece – o exagero não está na forma como os caminhoneiros estão agindo, mas na incompetência do governo para conduzir a situação.

O governo de Michel Temer vive seus estertores. Está minado por corrupção de todos os lados, o que de resto é uma prática que governantes vêm adotando há décadas.

O governo não está podendo contar com suas próprias estruturas, porque ineficientes e apáticas e muito menos com o Congresso Nacional.

As casas do Congresso – Câmara dos Deputados e Senado Federal – pouco ou nada fazem em benefício da sociedade, porque se dedicam a criar subterfúgios legais para a sobrevivência de deputados e senadores, em detrimento da população.

O governo Michel Temer é tão-somente um arcabouço jurídico-político e administrativo necessário, mas incapaz de começar a extirpar os males do Brasil.

De qualquer forma, o movimento dos caminhoneiros serve de lição para o atual governo e para os próximos.

A maneira como o governo Temer vem conduzindo o acordo com os caminhoneiros ensina tudo que não se deve fazer numa negociação dessa envergadura, inclusive no que tange a erros primários.

araujo-costa@uol.com.br