Os desembargadores da Bahia estão com fome

“Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos” (Stanislaw Ponte Preta)

Deu na imprensa.

Além dos estratosféricos vencimentos mensais, os desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia recebem R$ 1.100,00 de auxílio-alimentação, que ninguém é de ferro.

Auxílio-alimentação é para comprar comida mesmo, pelo menos é destinado para isto.

Entretanto, esse dinheiro não é suficiente para Suas Excelências encherem suas panças. Eles têm muita fome.

O Tribunal de Justiça dos baianos mandou comprar 400 latas de leite em pó de 400 gramas, o que equivale a 160 quilos de leite.

Ainda segundo a imprensa, em 2013 o Tribunal licitou a compra de 8.000 latas de leite em pó de 400 gramas. Naquele ano a fome dos desembargadores era brava.

Em 2016, o Tribunal pretendeu adquirir 3.000 latas, também de 400 gramas.

Isto é apenas parte da merenda de Suas Excelências, porque há mesa farta com frutas e outros ingredientes mais, tudo para o recreio dos Meritíssimos. Só em frutas, o Tribunal mandou gastar R$ 39,6 mil para o privilegiado lanche no Tribunal.

O Bahia Notícias fez um levantamento e descobriu que os alunos da rede municipal de ensino de Salvador consomem, individualmente, menos da metade do leite que nossas subidas Excelências.

Este é o Tribunal que pretende extinguir comarcas para conter gastos.

Só para lembrar:

O senador Humberto Costa (PT-PE), líder do partido no Senado da República gastou R$ 56.279,99 nestes dois primeiros meses de 2019 com despesas pessoais pagas com impostos dos brasileiros.

Só num almoço, em Brasília, gastou R$ 553,90.

Está explicado porque os petistas resistem em largar a rapadura.

araujo-costa@uol.com.br

A decência diante do infortúnio

A ditadura militar de 1964 corria solta.

O ator e escritor Mário Lago, honra e glória das artes nacionais, comunista até a alma, inteligente, educado, decente e monumento da história, estava apresentando um espetáculo no Teatro Santa Isabel, no Rio.

A polícia política chegou sorrateiramente e o prendeu no intervalo da peça com os trajes que estava representando o personagem e o levou para o xadrez.

Ao chegar à cela, havia outros presos, alguns conhecidos e amigos de Mário Lago e outros não.

Ao se depararem com a cena, Mário Lago pintado e roupas extravagantes, os amigos caíram na gargalhada. Os demais lançaram um olhar esquisito, gozador, insinuante.

Mário lago foi rápido:

– Olha, estou pintado e vestido assim, mas sou macho para chuchu. Não pensem que sou veado.

Mário Lago era veterano em prisões políticas. Gozador e brincalhão, conhecia todas desde os tempos da ditadura Vargas e até ensinava como os presos políticos deviam se comportar em situações vexaminosas perante os “milicos”.

A polícia prendia Mário Lago, soltava, buscava novamente, prendia de novo, intimava, fazia inquéritos, soltava, prendia, processava… E ele lá, maior que todas as ditaduras.

Esta história foi contada pelo jornalista Hélio Fernandes, da Tribuna da Imprensa, que esteve preso com Mário Lago e reproduzida pelo também jornalista Sebastião Nery, baiano de Jaguaquara e patrimônio do mundo.

Eu, que não chego aos pés de ambos, conto o episódio como entendo ou penso que entendo.

araujo-costa@uol.com.br.

Post scriptum:

À turma do “politicamente correto”, esclareço que isto é história e não palavrão ou preconceito.

Renasce a União Democrática Nacional (UDN)

Está de volta o partido da mística “o preço da liberdade é a eterna vigilância”, fundado em 1945, para enfrentar a ditadura do Estado Novo.

O novo partido político, ainda em formação, pretende abrigar a direita nacionalista e o liberalismo econômico à semelhança da UDN de 1945, com ajustes óbvios, em razão das transformações sociais.

Trata-se de um novo partido com os mesmos princípios dos udenistas da era Vargas, cujos expoentes foram os governadores Juracy Magalhães (Bahia), Carlos Lacerda (Guanabara), Magalhães Pinto (Minas Gerais) e o tribuno e chanceler mineiro Afonso Arinos de Melo Franco.

A última grande eleição que a UDN participou foi o pleito presidencial que elegeu Jânio da Silva Quadros em 1960. Jânio não era udenista, mas aliou-se ao partido e foi por ele sustentado na disputa presidencial.

Daí em diante, a história é demais conhecida: vieram o período conturbado do presidente João Belchior Marques Goulart, o advento do movimento militar de 1964, o apoio à ditadura e, por último, sua extinção em 1965, por força do Ato Institucional número 2 (AI 2), editado pelo governo militar.

A nova UDN nasce forte, tendo em vista os ventos trazidos pelas eleições polarizadas de 2018, que definiram claramente onde se situam direita e esquerda nos dias de hoje.

Políticos que apoiaram o atual presidente Jair Bolsonaro, em campanha, já sinalizam a mudança para a nova UDN, a começar por integrantes sérios do PSL (Partido Social Liberal), partido que está demonstrando ser, não propriamente uma agremiação partidária, mas um invólucro para abrigar políticos corruptos.

Estão aí, embora não comprovados, os primeiros sinais de distribuição de dinheiro do fundo partidário pelo PSL para candidatos inviáveis eleitoralmente.

A dúvida é se o dinheiro foi destinado a candidatos forjados, os chamados “laranjas” e retornava ao bolso dos dirigentes do partido ou, se de fato, os candidatos eram de verdade, mas ruins de votos.

Em Pernambuco, uma candidata do PSL a deputada federal, que recebeu R$ 400 mil do fundo eleitoral três dias antes das eleições, obteve nas urnas apenas 274 votos.  Vai ser ruim de voto assim no inferno!

As investigações determinadas pelo presidente da República certamente chegarão nalgum lugar.

O certo é que a direita estará politicamente bem representada, tendo em vista o ideário ostentado pela UDN, isto se seus dirigentes não se desviarem do caminho, como é comum nesse emaranhado de partidos políticos, reconhecidamente arapucas para aprisionarem dinheiro público em favor de picaretas profissionais.

A direita está se organizando partidariamente. Resta saber se tem estofo para enfrentar o barulho da esquerda no Congresso Nacional. Lá proliferam radicais, idiotas e corruptos de toda ordem.

A esquerda tem uma vantagem a mais: vem se organizando há décadas, está pulverizada em todo o território nacional e se estende das metrópoles aos pequenos municípios.

Na esquerda juntaram-se, em conluio, embusteiros de toda ordem: batedores de carteira do dinheiro público, dilapidadores de estatais e especialistas em ladroagem.

Todavia, concernentemente à UDN que surge, a esperança é que o partido acolha políticos sérios e preocupados com nosso combalida República.

araujo-costa@uol.com.br

Curaçá: o prefeito e o ato do vice

Heitor Dias (1912-2000), baiano de Santo Amaro, era prefeito de Salvador pela União Democrática Nacional (UDN).

O jornalista conservador José Augusto Berbert de Castro (1925-2008), que também era médico da Prefeitura de Salvador, trabalhava no jornal A Tarde, que fazia oposição ferrenha ao prefeito. Crítico da administração municipal, Berbert era credenciado para fazer a cobertura do gabinete do prefeito.

Um dia Berbert chegou cedo ao gabinete e perguntou ao prefeito se tinha alguma notícia de interesse jornalístico.

Heitor Dias disse: “Tenho sim. O médico José Augusto Berbert de Castro está demitido das funções de otorrino que exerce na Prefeitura. Fale de mim à vontade, Berbert, mas de graça. Eu pagando, não”.

Há uma máxima forense muito usada por juízes, advogados, promotores e demais operadores do Direito, segundo a qual “o que não está nos autos não está no mundo”. Significa dizer que o juiz decide segundo as provas acostadas no processo.

O comentarista, também, qualquer que seja seu estilo, não deve florear, ir além dos fatos.

Por conseguinte, atenho-me aos fatos ou ao que entendi dos fatos.

Não sei exatamente o que consta nesses autos, mas a imprensa noticiou que o prefeito Pedro Oliveira, de Curaçá, requereu concessão de liminar ao Tribunal de Justiça, com o intuito de revogar decisão do vice-prefeito, que cuida da nomeação de seu chefe de gabinete ou coisa parecida, ato este já submetido à apreciação do juiz de primeiro grau.

Segundo noticiado e, salvo melhor juízo, o alcaide curaçaense insurgiu-se contra a medida, porque entendeu que a prerrogativa de nomear é somente do prefeito e, presume-se, deve ter entendido que sua função, neste caso, foi usurpada pelo vice.

Parece que o prefeito alegou prejuízo ao erário e critérios subjetivos, dentre outros argumentos, o que faz pressupor que Sua Excelência prima pela legalidade dos atos de sua administração.

Todavia, o vice-prefeito também tem o dever de zelar pela coisa pública e, por certo, não teve a intenção deliberada de arranhar a legislação, ao nomear seu assessor de confiança.

Espera-se que os atos dos homens públicos sejam cautelosos, éticos, equilibrados, parcimoniosos.

Admitindo-se, por hipótese, que o vice-prefeito assinou a retro aludida nomeação no exercício do cargo de prefeito, em razão de ausência do titular ou nas demais situações previstas em lei, parece um tanto óbvio que não houve ilegalidade nisto.

Entretanto, é o Poder Judiciário que diz o direito e, neste caso, há informação de que a liminar do prefeito foi negada e, portanto, persiste a decisão do juiz de primeiro grau.

Contudo, o que chamou a atenção não foi, propriamente, a questão jurídica, que até chega a ser interessante, mas um quê de desavença política, talvez uma fumaça inoportuna.

De qualquer forma, o Judiciário decidiu, mesmo que não tenha sido em caráter definitivo.

Assim como o prefeito Heitor Dias, o prefeito de Curaçá se valeu de astúcia e insurgiu-se contra o pagamento do assessor do vice-prefeito.

Sabe como é, os vices têm vícios e um deles é torcer pelos tropeços  do titular.

araujo-costa@uol.com.br

Post scriptum:

Peço vênia ao jornalista Sebastião Nery pela versão e referência a Heitor Dias e Berbert de Castro. Nery conhece e conta esta história com elegância impressionante.

Em Chorrochó, há boas e más notícias

Em 02/01/2019, escrevi neste blog um artigo intitulado A oposição de Chorrochó está cambaleando.

Dias depois fiquei sabendo por pessoas fidedignas – alguns amigos, inclusive – que a oposição de lá não gostou, porque não se acha cambaleando assim como eu penso. Ao contrário, está firme.

Passaram-me a informação de que um vereador da fragilíssima oposição chorrochoense disse que eu estava “falando besteiras” e que, quem manda mesmo na Câmara de Chorrochó, hoje, é a oposição.

Mesmo falando besteiras, até fiquei contente em saber da novidade – que a oposição está mandando em Chorrochó hoje – porque a oposição de lá não apita há décadas e sequer conseguiu trocar o apito nesses anos de incompetência frente ao Poder Executivo.

Há um grupo político no município que manda e desmanda em Chorrochó alegremente e a oposição quando havia, se havia, nunca soube por onde começar sua atuação e acabou nunca começando.  Então, hoje é novidade.

Quero esclarecer aos excelentíssimos senhores vereadores de Chorrochó, mormente os que se dizem de oposição, que não tenho nada contra nenhum deles, aliás os admiro muito,  assim como não tenho nada contra os vereadores da situação. O balaio é deles. Eles que se acomodem lá dentro.

Quero lembrá-los, também, por dever de ofício, alguns pilares mais fortes da democracia: liberdade de expressão do pensamento, capacidade de conviver com os contrários e liberdade de imprensa.

Lembrá-los, por complemento: quem se dispõe a entrar na vida pública também se dispõe a assimilar os ruídos da sociedade, concordando ou não com ela, mesmo que de vez em quando apareça um abelhudo assim como eu.

Ou então deve pegar seu boné e recolher-se ao seu mundo, porque o mundo da política é mais amplo, mais arejado, mais atrevido, mais exigente.

“Quem não pode com o pote não pega na rodilha”, não é assim que dizem nossos caatingueiros?

Em 09/02/2019 escrevi neste mesmo blog um artigo intitulado Em Chorrochó, uma boa notícia versando sobre o possível fechamento do Colégio Estadual Maria Dias Sobrinho, de São José, que acabou não sendo fechado, por enquanto.

De tanto falar bem de São José, de sua gente e de algumas autoridades de Chorrochó, acabei levando pedradas. Mas esta é outra história. Depois eu conto.

Pelo que se vê, em Chorrochó, há boas e más notícias.

araujo-costa@uol.com.br

Outra mina de dinheiro dos petistas.

Mais uma maracutaia do PT.

A revista ISTOÉ publicou extensa reportagem sobre a mina de dinheiro que o PT descobriu logo que começou o primeiro governo de Lula da Silva em 2003.

Aliás, pelo jeito, os petistas já haviam descoberto a mina, bem antes, mas só puderam explorá-la com as ferramentas que passaram a dispor no exercício do poder, já no advento do primeiro governo Lula da Silva.

Os petistas não perdem tempo. O dinheiro os amolece.

Esses espertos parasitas se valeram apressadamente da Lei de Anistia de 1979. Pediram indenizações milionárias à União, por terem atuado nas guerrilhas contra a ditadura militar e se beneficiaram com a “aposentadoria especial de anistiados”. São as chamadas “indenizações políticas”.

Muitos deles explodiram bombas, pegaram em armas, sequestraram, assaltaram bancos, causaram dor, tiraram vidas de inocentes e hoje estão sendo pagos pelos brasileiros por essas barbaridades que cometeram.

É uma espécie de compensação por terem sido delinquentes.

Alguns exemplos, apenas alguns exemplos:

Dilma Rousseff, famosa ex-guerrilheira, ganhou indenização de R$ 72 mil e pediu aposentadoria vitalícia de R$ 10.735,55; José Genoíno, ex-guerrilheiro no Araguaia e ex-presidente do PT, recebeu indenização de R$ 100 mil;  Paulo Vanucci, ex-ministro de Lula, recebeu indenização de R$ 54 mil; Rui Falcão, ex-presidente do PT, recebe pensão vitalícia de R$ 11 mil por mês; José Dirceu, ex-presidente do PT e ex-ministro de Lula, recebeu indenização de R$ 66 mil e requereu aposentadoria de R$ 10 mil.

Entretanto, o caso mais escandaloso, ainda não esclarecido, é o de Lula da Silva. Ele não participou de nenhuma guerrilha, nunca foi torturado, nunca caiu nas garras dos militares da linha dura, nunca viu uma masmorra, mas pediu alta indenização.

Lula teve os direitos sindicais cassados como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (hoje Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), por ocasião da greve de 1980 e esteve preso durante 31 dias no DOPS de São Paulo, porque liderava a greve dos metalúrgicos.

Mesmo assim, Lula requereu indenização da União e recebeu ou recebe R$ 56,7 mil. Ainda não está claro o caráter da indenização, se única ou mensal. Em razão disto, é prematuro aceitar a informação como definitiva.

Como se vê, muitos petistas estão se locupletando de dinheiro público, alguns com pensão vitalícia, sem nunca terem trabalhado. Todos comendo quieto.

E o PT diz que defende os pobres.

E há quem acredite que o PT defende os pobres.

Com uma mamata dessas, a cúpula do PT vai ser sempre contra qualquer reforma da previdência social. Para eles não interessa nenhuma mudança.

Todavia, mais escandaloso ainda é o evidente aparelhamento e a blindagem que o PT fez em muitas repartições públicas, inclusive no INSS.

Segundo a notícia, instado a apresentar as informações sobre essas aposentadorias e indenizações, o INSS disse que não consegue ter acesso aos dados, que ele próprio administra.

Dá para acreditar?

araujo-costa@uol.com.br

 

Igreja Católica: lugar de bispo é na igreja.

Em outubro acontecerá em Roma o Sínodo sobre a Amazônia, que reunirá pelo menos 250 bispos do mundo inteiro.

O presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é o cardeal D. Claudio Hummes, ex-bispo da diocese de Santo André no ABC paulista e ex-arcebispo de São Paulo.

D. Claudio Hummes, que é prefeito emérito da Congregação para o Clero, em Roma e participou de outras congregações vaticanas, tem tradição de apoio aos trabalhadores e pessoas mais necessitadas.

Conhece a fundo nossos problemas, inclusive da Amazônia.

Quando bispo de Santo André, D. Claudio apoiou a histórica greve dos metalúrgicos do ABC liderada por Lula da Silva. Num ato de coragem, enfrentou a ditadura militar e franqueou a igreja matriz de São Bernardo do Campo para os metalúrgicos se reunirem e servir de base de apoio ao movimento. O sindicato estava sob intervenção.

O Sínodo discutirá assuntos tais como mudanças climáticas, índios, povos ribeirinhos e conflitos da terra, dentre outros.

Ocorre que órgãos de inteligência do governo já detectaram forte influência de parte do clero da esquerda católica no Sínodo que, dentre outras coisas, é a favor da presença de estrangeiros na Amazônia e defende a política agrária nem sempre compatível com a soberania nacional.

O intuito – diz o governo – é atrapalhar a política governamental para a Amazônia.

A esquerda católica carrega o ranço do enfrentamento à ditadura (1964-1985) e insiste em olhar para o retrovisor da história.

D. Claudio Hummes, moderado e experiente, ciente da efervescência do clero esquerdista na discussão dos temas do Sínodo, sabiamente ponderou: “Deve-se ter a preocupação de não olhar para o passado, mas para o futuro”.

A história registra que, nem sempre a participação de membros do clero católico em assuntos de interesse nacional tem dado certo.

Em 2005, repercutiu como um vexame desnecessário, a greve de fome de D. Luiz Cappio, bispo de Barra-BA, contra a transposição do Rio São Francisco, uma das bandeiras do governo de Lula da Silva. Lula se surpreendeu e nunca entendeu a posição do bispo.

Pode-se dizer tudo da transposição do São Francisco, inclusive que houve superfaturamento e tem qualidade duvidosa da obra em alguns trechos. Mas é inegável que a obra idealizada há século, beneficiou grande parte da população de alguns estados do Nordeste.

Contudo, o bispo de Barra foi contra, o que fica claro que nem sempre a opinião de membros da Igreja sobre assuntos de governo é acertada.

Agora, no limiar do governo Bolsonaro, outro bispo, D. André de Witte, da diocese de Ruy Barbosa, também na Bahia, apareceu com uma conversa arrevesada no sentido de que o governo federal apresenta “perigo real”.

Não consta que os brasileiros tenham pedido a opinião do bispo de Ruy Barbosa, que é belga e, portanto, não deve se intrometer em assuntos nacionais e de governo.

É razoável presumir que o Vaticano mandou Sua Excelência Reverendíssima para o Brasil para cuidar das coisas da igreja e não de assuntos de governo.

O lugar de bispo continua sendo na igreja.

araujo-costa@uol.com.br

Em Chorrochó, uma boa notícia.

Notícia alvissareira foi anunciada pelo vereador do PT de Chorrochó, Luiz Alberto de Menezes (Beto de Arnóbio), quanto ao Colégio Maria Dias Sobrinho, de São José.

Ameaçado de fechar as portas, as autoridades encontraram um meio termo para evitar o iminente desaparecimento daquela escola de São José que – parece – perdeu o nome e passou a ser, estritamente, anexo do tradicional Colégio Estadual São José, da sede do município.

Autoridades locais, alunos e sociedade em geral certamente vão lutar pelo restabelecimento do nome do colégio, mesmo na condição de anexo. A supressão afeta a cultura, as tradições locais e o respeito à comunidade.

Entretanto, pelo menos, as lideranças locais evitaram, por enquanto, grande transtorno aos alunos e familiares, inclusive da zona rural.

Fechado o colégio, os estudantes teriam que se deslocar de São José até a sede do município, em condições adversas, inclusive expostos à violência nas estradas, tão comum na região, a fim de assistirem aulas. Uma insensatez, um desrespeito.

A atuação do vereador Beto de Arnóbio foi providencial no sentido de assegurar o direito da população de São José e manter a estrutura do ensino lá.

Nesta empreitada, o vereador Beto de Arnóbio contou, segundo ele, com a colaboração de outras lideranças de Chorrochó, colegas vereadores e também o secretário municipal de Educação.

O vereador e os que ajudaram foram bem sucedidos.  

São José cresceu – ou tentou crescer – com a colaboração possível de pequenos agricultores que viviam, como ainda hoje, da cultura de subsistência.

O pequeno comércio de São José persistiu e, de certa forma, se desenvolveu com a colaboração do homem do campo. 

A população de São José mantém a altivez e a decência, apesar das adversidades. Seus habitantes enfrentam o sol escaldante, porque o clima lá é cruel, quente, árido, extremamente difícil.

Comum entre os becos empoeirados de São José, mais do que pessoas, eram o caminhar das cabras e o tilintar de seus chocalhos, assim como porcos e galinhas.

São José tinha um líder político que sempre lutou por sua gente: Boaventura Manoel dos Santos.

Vereador por diversos mandatos, com altivez e extrema dedicação, contou sempre com o apoio incondicional de seu povo, que o mantinha na Câmara Municipal de Chorrochó para ser sua voz, seu refúgio, sua retaguarda.

No que pode, Boaventura cuidou de São José, diuturnamente. Para isto, contou com a ajuda e solidariedade de outro líder político de Chorrochó: Dorotheu Pacheco de Menezes.

Ambos viabilizaram a professora “formada”, como se dizia à época, Maria Dias Sobrinho, dando-lhe oportunidade para morar no povoado, ensinar, abrir o caminho para as crianças seguirem em direção ao futuro. São José precisava disto.

A professora Maria Dias Sobrinho era uma criatura humilde, reflexiva, responsável. Deixou a semente para a juventude de hoje. E o exemplo de luta que não pode se apagar.

O Colégio Estadual Maria Dias Sobrinho permitiu esperança aos jovens de São José, estímulo para o prosseguimento da caminhada e, sobretudo, o fundamento para a construção do caráter, espinha que deve nortear a vida de todos nós.

Nenhum horizonte será possível se faltarem a persistência e a vontade de seguir avante. E só a escola é o caminho certo.

Conheci Maria Dias Sobrinho, assim como eu, nascida na caatinga, ainda no início do exercício de sua profissão de mestra, enfrentando dificuldades de toda ordem, até mesmo para receber o salário. Ainda assim, lutou, sofreu, ensinou, enfrentou a solidão do lugar. Tudo era muito difícil.

Salvo engano, o Colégio foi fundado em 1981 e, após trancos e barrancos, autorizado a funcionar somente em 2005. Hoje está ameaçado e às voltas com o descuido das autoridades.

Pelo que se vê, faltaram condições básicas para o exercício de suas atividades, faltou apoio permanente ao seu corpo docente e aos alunos, sobrou omissão do Poder Público.

São José é um lugar de pessoas humildes, dignas, resistentes ao tempo e às intempéries, mas merece respeito.

O núcleo de São José é um conjunto de casas simples e rodeado de vegetação da caatinga. Mas tem a semente para germinar o idealismo dos jovens, que sonham, continuam sonhando.

Neste particular, a professora Necy Gomes de Sá desempenhou papel importante para manter, pelo menos, a esperança da juventude de São José. Um baluarte.

É tempo de abrir e não de fechar escolas.

Mas a Bahia parece trafegar na contramão.

araujo-costa@uol.com.br

O rabo de palha do PT

O Partido dos Trabalhadores (PT) não está conseguindo fazer oposição séria ao governo Bolsonaro.

O PT sequer consegue prosseguir na lenga-lenga do caso do ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro quanto à apontada movimentação bancária atípica de 1,2 milhão.

Tudo isto, por uma razão muito simples. O PT tem rabo de palha.

A assessoria do deputado André Ceciliano, que é petista e presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, fez exatamente igual ao ex-assessor do hoje senador Flavio Bolsonaro, com uma agravante: movimentou R$ 48 milhões a mais do que o auxiliar do filho do presidente Bolsonaro.

Uma assessora do deputado do PT movimentou, somente numa conta do Banco Itaú, R$ 26,5 milhões entre 2011 e 2017. Ela ganha R$ 5.124,62.

Mais: quatro funcionários do deputado petista movimentaram R$ 49,31 milhões.

Tudo, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão do Ministério da Fazenda.

Só para ilustrar, o COAF diz que, dentre outras operações bancárias, a assessora do deputado petista fez 138 saques de R$ 980 mil, em dinheiro vivo.

Até onde se sabe, o assessor de Flávio Bolsonaro movimentou R$ 1,2 milhão. Passou a ser uma espécie de “trombadinha” diante da grande movimentação que fez a assessoria do deputado do PT.

Quem acompanha o noticiário sabe que o deputado federal Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara dos Deputados, exigiu imediata investigação do caso Flávio Bolsonaro, mas esqueceu de pedir investigação também para o correligionário petista André Ceciliano. Hipocrisia ou cara de pau?

Nem é preciso comentar o que andou dizendo a ex-senadora e deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. O que ela diz não tem nenhuma importância. Nunca teve.

Quem está fazendo oposição séria ao governo Bolsonaro não é o PT, mas a própria família do presidente, que vem povoando o noticiário negativamente. Se continuar assim, o governo não precisará de oposição do PT.

Todavia, o rabo de palha do PT é grande, muito grande, enorme.

Assim, fica difícil o partido fazer oposição ao governo Bolsonaro.

Corre o risco de incendiar-se, a começar pelo rabo de palha.

araujo-costa@uol.com.br

Post scriptum:

Fonte dessas informações: Jornal O Dia, Coluna Informe do Dia, 19/12/2018.

O folclórico deputado baiano

Este é o retrato do fracasso de nossa representação parlamentar.

O deputado federal Manoel Isidório de Santana Júnior (AVANTE-BA) disse que “estava gay”, mas foi “curado” e, portanto, não é mais homossexual.

Não sei o que isto interessa para os baianos, mas o deputado acha relevante declinar sua condição de “ex-gay” que foi “curado”.

Pelo que se sabe, a homossexualidade foi considerada patologia no fim do século XIX, mas deixou de ser vista assim, por falta de embasamento científico. Era considerada “distúrbio degenerativo”, mas a ciência evoluiu e mudou o entendimento.

Em consequência, em maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças e, se doença não é, não se pode falar em cura.

O folclórico deputado federal da Bahia foi ou é “feirante, cobrador de ônibus, professor de dança folclórica, sargento da Polícia Militar e pastor evangélico” (O Globo, 27/09/2016). Como se vê, percorreu uma trajetória respeitável.

Do alto de sua experiência de “ex-gay”, Sua Excelência disse que queimou muito por aí, mas em respeito aos meus presumíveis leitores menores não preciso dizer o que ele diz que queimava.

O deputado só não explicou porque, com tanto ânsia de queimar, não chegou a pegar fogo.

O pastor-deputado disse mais: “Eu vivi no alcoolismo, sou policial militar há 38 anos. Assim que entrei com 18 anos na PM, foi aquilo né: revólver na cintura, beber, ficar bonito, namorar, só que veio o alcoolismo, depois as drogas, aí perdi a dignidade. Fui planejar assalto, virei homossexual. Aí conheci Jesus” (O Estado de S.Paulo, 04/02/2019).

Não sei também o que isto interessa para os baianos.

O sujeito deita e rola, faz tudo de acordo com sua vontade e depois põe o nome de Jesus no meio. O que Jesus tem a ver com isto?

Mas aqui o assunto vai além, que ninguém tem nada a ver com a escolha sexual do pastor-deputado e tampouco com o que ele queima ou queimava. Nem Jesus, acho.

O pastor-sargento Isidoro foi eleito deputado federal pela Bahia, onde já havia exercido três mandatos de deputado estadual.

Segundo a imprensa, seu primeiro projeto de lei protocolado na Câmara dos Deputados neste início dos trabalhos legislativos pretende “declarar a Bíblia Sagrada como patrimônio Nacional, Cultural e Imaterial do Brasil”.

Até aí, tudo bem. Mas a Bíblia Sagrada já ostenta esta condição. É patrimônio imaterial dos povos há séculos, independentemente da vontade do pastor-deputado baiano.

Qual a praticidade desse projeto?

Parece que está faltando ideias ao nobre pastor-sargento-deputado.

Quiçá ele esteja precisando estudar mais sobre a homossexualidade para aprender que, cientificamente, não se trata de doença.

O deputado talvez esteja precisando apresentar projetos mais consentâneos com os anseios dos baianos e atentar mais para a representação parlamentar.

araujo-costa@uol.com.br