Quando a saudade e o choro sufocam  

José Araújo Costa, 1944-2025

José Araújo Costa faleceu em 02/07/2025 com pouco mais de 81 anos.

O enterro acontece em Curaçá, onde faleceu, na manhã do dia 03/07/2025.

Sua vida chegou ao crepúsculo trazendo-lhe uma doença cruel que ele soube enfrentá-la com resignação e sem esmorecimento. Suas dores foram muitas, insistentemente presentes.

Nos dias finais de seu sofrimento, conversamos algumas vezes e até rimos das consequências que a idade traz. Nunca demonstrou abatimento, embora estivesse ciente de seu estado de saúde irreversível.

Voz firme, sempre disposto a seguir em frente rumo ao desconhecido.  

É difícil esse adeus para sempre.

O momento ofusca as palavras, mas guardo a lembrança de sua generosidade, sempre prestativo, atencioso com todos, sério, essencialmente correto em sua conduta de pobre submerso às dificuldades do dia a dia.

Zé de Sátira, como chamávamos, era meu irmão e sempre foi muito presente em minha vida. Cuidou de mim quando criança, na rústica casa de taipa onde morávamos nos barrancos do Riacho da Várzea, domínios de Patamuté.

Eu já adolescente, ele comprou uma bicicleta – a primeira que tive – e me ensinou a andar nas estradas pedregosas da caatinga como se me entregasse a liberdade para seguir meu caminho.  

Continuou a cuidar de mim em São Paulo. Impossível esquecer.

Vida difícil em Mauá, morávamos em quarto alugado. Ele esperava eu chegar da faculdade, tarde da noite, com a comida pronta que preparava. Depois, em São Bernardo do Campo, acompanhou meu caminhar, já menos difícil, sempre presente em minha vida.

Voltou para seu torrão, a querida caatinga de Patamuté, que tanto gostava. Lá constituiu família, bela família que agora ele deixa aos prantos. Cito os mais próximos: Oneide, os filhos Gilmara e Douglas, os netos e o genro Cordeiro de quem ele tanto gostava. Incluem-se aqui as demais pessoas que fazem parte de seu mundo familiar. Ele sempre falava bem de todos.

Para essas pessoas que se fizeram presentes nos últimos dias do sofrimento de José, a partida é dilacerante, doída, angustiante. A imagem não se apaga, não se dissipa no tempo.

Não esqueço, nunca esquecerei a primeira pergunta que ele me fazia ao telefone:

– “Homem, cadê você”?

Estou aqui. José. Dilacerado, engolindo o sufoco, o choro, a saudade.

Deus lhe ampare na eternidade.

araujo-costa@uol.com.br

Uma consideração sobre “Quando a saudade e o choro sufocam  ”

  1. DEUS conforte seu coração Valter, também tenho boas recordações de José, seu sorriso era contagiante. Meus sentimentos a família da qual fizeram parte da vida dele e que tenho certeza o fizeram feliz neste plano. Hoje ele se encontra nos braços do pai e sei com gratidão por tdo que viveu aqui

    Deus abençoe vc e familia!

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